O governo golpista, depois da farsa judicial da condenação de Lula, voltou à carga para tentar aprovar a PEC 287 de desmonte da Previdência em fevereiro (ver box).
O presidente da CUT, Vagner Freitas, anunciou greve geral no dia 19, diante dos milhares reunidos na Praça da República em São Paulo em 24 de janeiro. No dia seguinte, quando a executiva nacional do PT, reunida na sede da CUT, reafirmou Lula como candidato do partido à presidência da República, Vagner voltou a dizer que a greve geral vai parar o país em 19 de fevereiro.
Em 29 de janeiro, o secretariado da Executiva nacional da CUT decidiu indicar a todas as bases da central a preparação de greve geral no dia 19, com a imediata realização de assembleias em todas as categorias e plenárias das CUTs estaduais e ramos para organizá-la.
A CUT deve puxar a greve
As outras centrais sindicais, como se viu na reunião de 31 de janeiro entre a CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB, CSB e Intersindical, em sua maioria estão de “freio de mão” puxado.
A Força Sindical não queria marcar data para uma mobilização conjunta, defendendo apenas pressão nos deputados em aeroportos e gabinetes, apostando que o governo não terá os votos suficientes (308) para aprovar a PEC. Além da CUT, só CTB e Intersindical defenderam uma data para a mobilização geral, mas não houve acordo sobre convocar greve geral ou paralisação em todas as bases.
Além de manter a palavra de ordem “Se botar para votar, o Brasil vai parar”, o acordo limitou-se a convocar um Dia Nacional de Luta em 19 de fevereiro, com mobilizações, paralisações e greves, antecedido por uma “Jornada contra a reforma da Previdência”, ficando a critério de cada central o que fará no dia.
A única atitude da CUT, mantendo sua coerência, é se jogar a organizar a greve em suas bases, puxando assim as das demais centrais a parar o país no dia 19. A CUT baiana, por exemplo, realizou plenária em 30 de janeiro que orientou greve geral no estado.
O que está em jogo?
O ataque à democracia que significou a condenação de Lula, traz consigo a reativação da ofensiva dos golpistas de ataque aos direitos e de entrega das estatais (privatizações).
Cabe à CUT fazer a relação entre a defesa da democracia – o direito de Lula ser candidato – e a batalha para impedir a votação da PEC da Previdência (“condenaram o Lula para atacar a Previdência”).
Além disso, através de material próprio, a CUT deve reafirmar sua posição de revogação/anulação da “reforma trabalhista”, pois não há nada a “disputar” na MP 808 de Temer que tramita no Congresso ( ver matéria abaixo). Não dá para emendar um “bolo podre” que precariza relações de trabalho e direitos trabalhistas.
O que está em jogo é a capacidade da classe trabalhadora mostrar a sua força, a única capaz de barrar a destruição de nossos direitos e da democracia que o golpistas pretendem aprofundar.
MENTIRAS E CHANTAGEM PARA COMPRAR VOTOS
O governo golpista tenta por todos os meios viabilizar a votação da contrarreforma da Previdência ainda em fevereiro.
Contando com a cumplicidade dos “donos” de TV, Temer já foi ao programa Silvio Santos e ao programa do Ratinho para contar lorotas do tipo “a reforma só atinge os ricos” (quando juízes, militares e parlamentares por exemplo, estão fora dela). A propaganda do governo intoxica os meios de comunicação com a mesma linha mentirosa de que se quer “combater os privilégios” de “quem trabalha pouco, ganha muito e se aposenta cedo”.
A agência de notícias Reuters divulgou em 30 de janeiro que o Palácio do Planalto passou uma lista de 90 deputados “indecisos” para “agentes do mercado e empresários” que deveriam convencê-los (!?) a votar a favor da PEC da Previdência. O ministro Carlos Marun, na véspera, havia se reunido com confederações de empresários.
Razão a mais para a intensificação do diálogo com o povo desmascarando as mentiras do governo, razão a mais para a mobilização dos trabalhadores para barrar o desmanche da Previdência e das aposentadorias.
Julio Turra