13 de maio: 130 anos depois, a abolição inacabada

A escravidão no Brasil durou de 1550 até 1888, três séculos de exploração do povo negros trazido da África.

Para o movimento negro, o dia 13 de maio, não é de comemoração, mas sim de luta contra o racismo e de esclarecimento que a Lei Áurea ainda é um processo inacabado. Pois se ela acabou com a escravidão formal, as famílias negras não tiveram acesso à terra e ao trabalho, condições essenciais para uma nova vida. Os escravos libertos tampouco tiveram acesso a saúde, a educação e moradia, continuaram com uma condição de vida sub-humana.

O trabalho que os negros exerciam na condição de escravos, depois da abolição, passou a ser remunerado e exercido por trabalhadores brancos, em grande parte chegados ao Brasil como imigrantes.

Quando os negros foram sequestrados da África, só não tiraram deles uma coisa, o instinto de sobrevivência. É isso que permitiu o povo negro chegar até aqui.

O negro durante os 300 anos de escravidão, vendido ou alugado, trabalhando e vivendo em condições sub-humanas, não sobrevivia, em média, a mais de 30 anos de idade.

Nessas condições de existência, tudo que vinha do povo africano, era desqualificado.

Suas crenças religiosas, sua cultura, suas características físicas. Para se impor à população negra a condição de escravo, além de usar a força da arma, o chicote e os castigos em geral, também se construiu uma cultura nos negros de autonegação, para diminuir as chances de reação contra o regime escravista.

Quando os negros criaram a capoeira, a estrutura policial das elites da colônia ficou encarregada de impedir a prática daquela modalidade.

Os negros que eram pegos praticando capoeira eram condenados a levar 300 chicotadas. Uma maneira de reprimir qualquer forma de autodefesa, para evitar que isso pudesse virar uma ameaça aos proprietários de escravos e ao regime vigente.

Heranças da escravidão 130 anos depois da abolição do trabalho escravo, o povo negro no Brasil sofre as consequências da exploração a que esteve submetido durante três séculos.

Os 54% de negros que compõem a população brasileira estão na parte de baixo da pirâmide em termos de emprego e condições de vida. Como os escravos libertos não tiveram habitação, foram empurrados para construir favelas, para os guetos e periferias, o que permanece até hoje, sem condições básicas de existência, água, esgoto, saúde, transporte, acesso à cultura e salários dignos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último trimestre de 2016, a renda média do trabalhador brasileiro era de R$2043,00. O rendimento dos brancos era de R$2660,00, maior que a média, enquanto o do trabalhador negro era de R$1461,00.

A violência atinge mais os negros, tratados em geral como suspeitos. A cada 100 pessoas assassinadas, 71 são de origem negra. Nos presídios a fotografia é a mesma. O trabalho precário, assim como o desemprego, atinge mais diretamente o povo negro.

Segundo o IBGE, dos 13 milhões de desempregados no final de 2017, 63,7% eram negros e pardos. Agora, com a contrarreforma trabalhista do governo golpista, o país caminha de volta para o passado, a legalização do aumento da exploração, do lucro dos empresários, da semiescravidão, para trabalhadores negros e brancos.

Julio Ribeiro

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