A greve dos professores na Virgínia Ocidental mostrou o caminho a todos os professores dos Estados Unidos (EUA). Em nove dias de uma greve apoiada por assembleias gerais maciças, de 23 de fevereiro a 3 de março, eles conquistaram 5% de reajuste e a cobertura social que reivindicavam.
O desenvolvimento dessa mobilização é instrutivo: em 27 de fevereiro, os representantes sindicais anunciaram ter chegado a um acordo com o governador republicano sobre o aumento de salários, mas não sobre a proteção social, e propuseram o fim da greve. As assembleias gerais, porém, continuaram firmes em suas reivindicações e decidiram manter a greve, que passou a ser considerada ilegal.
Em 2 de março, o governador cedeu às reivindicações, antes que o Senado estadual da Virgínia Ocidental votasse no dia seguinte contra o acordo, para depois voltar atrás, completando a demonstração da força que teve o movimento.
Desde então, greves de professores surgiram nos estados onde os salários são mais baixos. Em Oklahoma, a ameaça de parar o trabalho conseguiu um aumento de salário para US$ 6,1 mil; os dez dias de greve que se seguiram, porém, não lograram elevar esse aumento para US$ 10 mil, nem obter outras reivindicações.
O sindicato OEA, de Oklahoma, decidiu interromper a greve, o que pegou de surpresa muitos professores. Sem a realização de assembleias gerais, os grevistas retomaram o trabalho, convencidos de que teria sido possível continuar o movimento e conquistar todas as reivindicações.
Antes da volta ao trabalho, uma deputada democrata de Oklahoma tuitou mensagem para agradecer “do fundo do coração” aos professores por sua greve, e lhes explicar o que significava não parar a luta: “Se vocês prosseguirem seu engajamento, e canalizarem o seu poder, mudarão a maioria em novembro”. Ela se referia às eleições de meio mandato, que renovarão a maioria dos parlamentares nos EUA.
Greve ou apoio aos democratas?
O que concentra todos os problemas é a posição de apoio aos democratas expressa por duas organizações de massa, a NEA (Associação Nacional dos Professores, da qual a OEA é a seção de Oklahoma), que afirma ter 3 milhões de associados e está a meio caminho entre ser uma organização profissional e um sindicato de trabalhadores, e a AFT (Federação Americana dos Professores), o sindicato de professores vinculado à central sindical AFL-CIO, com 1,5 milhão de associados. Ambas são sustentáculos tradicionais do Partido Democrata.
Em reação a essa situação, e à consequente timidez dessas entidades na defesa das reivindicações dos professores, a greve e as manifestações no Arizona foram organizadas sob a etiqueta “Arizona Educators United” (Professores do Arizona Unidos), com o apoio, no entanto, da AEA (seção da NEA). No dia 26 de abril, 50 mil professores se manifestaram diante do Capitólio do Arizona.