No segundo semestre de 2019, a taxa de desemprego entre 18 a 24 anos foi 26,6%. Nos adolescentes entre 14 a 17 anos 1,94 milhão estão em situação de trabalho infantil. O homicídio foi a principal causa de morte entre jovens em 2017. No mesmo ano, 35.783 jovens foram assassinados, destes 75,5% eram negros. Estas terríveis condições de vida, agravadas após o golpe, sobretudo com as medidas cruéis de Temer e Bolsonaro, empurram milhares de jovens ao consumo de drogas e ao trabalho no tráfico.
Para o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro o sofrimento psíquico, como depressão, e baixa autoestima são fatores que desencadeiam o uso de drogas.
O alto índice de desemprego aumenta a evasão escolar e a busca desesperada por dinheiro no tráfico para sobreviver. A resposta do Estado só tem aumentado a violência com mais encarceramento e o genocídio da juventude negra.
Essa é a realidade que o capitalismo em crise tem para a juventude: retirada de direitos e a morte. As insuportáveis condições de vida desse sistema são elementos que criam o ambiente para uso de drogas. Pouco se importa se o consumo de drogas leva à dependência química e à morte, o que interessa é lucro vindo da lavagem de dinheiro do tráfico. As drogas e o capitalismo são duas faces da mesma moeda.
Legalizar não é a saída
No fundo as drogas cumprem um papel social do ponto de vista da luta de classes. Ela é uma mercadoria rentável e ao mesmo tempo destrutiva, tanto fisicamente como em termos de organização política. Por isso que a legalização é questionável como solução. Ampliaria o lucro das multinacionais, não por acaso grandes especuladores como George Soros veem com bons olhos, e legalizaria um instrumento capaz de destruir politicamente organizações e setores que lutam contra o sistema. É um equívoco organizações de jovens que reivindicam lutar contra o sistema, defender essa bandeira.
Evidentemente, o consumidor dependente de drogas é um enfermo que tem direito ao tratamento no sistema público de saúde, que neste momento sofre um dos maiores ataques com cortes bilionários de verbas por conta da Emenda Constitucional 95. Situação que vai agravar-se rapidamente com a epidemia do coronavírus.
Mas, isso é diferente de disponibilizar em larga escala e a baixo-custo drogas que vão destruir a vida de milhares de jovens que estão sem perspectiva de futuro e não terão acesso ao tratamento como os filhos da burguesia têm.
Defender a juventude
Governos capachos do imperialismo, como o lambe botas do Bolsonaro, tentam destruir conquistas sociais e cortam investimentos que deveriam assegurar políticas públicas e programas nos bairros mais pobres.
Neste momento, em que um vírus revela a podridão desse sistema e anuncia uma tormenta, mais do que nunca é preciso defender a juventude. Sem dúvida, isso passa por encarar a luta contra as drogas com medidas concretas que garantam emprego, saúde, educação e lazer. O governo obscurantista de Bolsonaro, repetidas vezes, já demonstrou que não irá fazer. Por isso pelo futuro da juventude, acabar com este governo, o quanto antes é o melhor.
Sarah Lindalva