A guerra e as eleições na França

Em 10 de abril ocorre o primeiro turno das eleições presidenciais na França. O candidato a presidente pela União Popular, Jean-Luc Mélenchon, é o único a se pronunciar contra a guerra. Durante comício em Lyon,
no dia 6, diante de 15 mil pessoas, ele discursou: “Nós trazemos uma mensagem neste instante: fim da guerra! Fim da invasão da Ucrânia! Abaixo o exército que invadiu a Ucrânia! Trazemos uma mensagem de solidariedade aos ucranianos (…). Dirigimos uma mensagem de solidariedade e de amor aos russos, ao povo russo que recusa a guerra e se opõe a ela corajosamente”.

Enquanto isso, outros candidatos considerados de esquerda pela mídia se alinham vergonhosamente ao imperialismo. Yannick Jadot (verdes) apelou à “unidade nacional se queremos ter a maior firmeza para combater Vladimir Putin e ajudar a resistência ucraniana”. Fabien Roussel (Partido Comunista Francês) congratulou-se com “todas as medidas que foram tomadas pela França e em nível de União Europeia”. Anne Hidalgo (Partido Socialista) disse: “Somos democracias diante de um ditador. Devemos fortalecer as sanções contra a Rússia e entregar armas”.

A guerra da Ucrânia, por vários motivos – econômicos (fertilizantes, combustíveis, agro exportação), políticos (solidariedade, esforços para respeitar a soberania ucraniana) e diplomáticos (Brics, ONU etc.) -, estará na pauta da campanha eleitoral presidencial que começa. As suas consequências atravessarão os próximos anos, portanto, a próxima administração federal,

Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT, já disse que é contra a guerra. Os demais candidatos tem a palavra. Já se sabe que o PCdoB é putinista, mas quer apoiar Lula. O PSOL e Boulos que também querem apoiar Lula, por sua vez, são saudosos do “acordo de Minsk” (2014) que subordinava a Ucrânia a um “quadro” com a Alemanha, a França e a Rússia – nunca deu certo, uma espécie de putinismo “light”. Veremos como evoluirão estes partidos, e outros mais.

Para uma reflexão mais concreta, temos este exemplo que nos vem da França.

O primeiro turno presidencial é dia de 10 de abril. O “favorito” presidente Macron, é quem pilota as sanções e armas da União Europeia para a guerra (é o presidente de turno da UE). É apoiado nisso pelos candidatos da extrema-direita e direita (Le Pen, Zemour e Precresse), como também pelo verde (Jadot), a socialista (Anne Hidalgo) e o comunista (Roussel).

É notável, como esta Hidalgo, prefeita de Paris, e este Roussel do PCF, ambos zero-chance de passar ao segundo turno, não obstante, se esmeram em atacar o único candidato do “Não à Guerra”. Esse candidato é o deputado Jean-Luc Melenchon, da França Insubmissa (esquerda).

Mas ele segue crescendo, apesar dos ataques e graças à posição firme contra a guerra, como sobre certas outras questões sociais internas – defende uma Constituinte, por exemplo -, com os seus comícios engrossando. Ele tem a chance de chegar ao segundo turno – nas pesquisas, Le Pen, extrema-direita, está em segundo lugar, seguida de Melénchon em terceiro.

De todo modo, o único caminho é esse, a luta. Pela fraternidade entre os povos, nenhuma intervenção, nenhuma anexação, nem Biden ou Otan, nem Putin, retirada incondicional das tropas russas da Ucrânia. Direito à autodeterminação dos povos!

Markus Sokol

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