Inédito! O Brasil é citado 11 vezes no relatório semestral enviado pelo FED, o banco central estadunidense, ao Congresso deles: seríamos o 2º país emergente mais “arriscado”, depois da Turquia, segundo um novo “índice de vulnerabilidade”. Há três meses, “estudos” publicados na imprensa prepararam o terreno: na nova situação de corte das emissões de d—lar iniciada em dezembro com a iminente elevação da taxa de juros americana, “o Brasil está mais vulnerável do que no começo da crise em 2008”.
Aonde o “mercado” quer chegar? A vizinha Argentina já está em crise cambial.
O FED, segundo a correspondente do Estadão, elogia “o Banco Central brasileiro (que) aumentou a taxa básica de juros em 3,25 pontos porcentuais desde abril, para 10,5%. Também flexibilizou restrições adotadas para conter a entrada de capital” (12.02.14). Mas “o relatório afirma (que) deve ir além das medidas de curto prazo voltadas para conter a volatilidade e defende a adoção de reformas monetárias, fiscais e estruturais que reduzam vulnerabilidades. ‘Os investidores globais vão acompanhar de perto o seu progresso'”.
Acompanhar de perto?
Aí está um motivo da alta temperatura política do verão, precipitando a campanha eleitoral: nos “acompanham de perto”.
O dono da Natura, apoiador de Eduardo-Marina, e presidente do instituto patronal IEDI diz claramente que “perderam a confiança no governo” e convoca a retomar as famosas “reformas estruturais” – o FMI explica, “flexibilizar a rigidez do mercado de trabalho” – e ainda entrar na “Aliança do Pacífico”, o grupo de países com tratados de livre-comércio com os EUA.
Os jornais esculhambam o PT, partido no governo, todos os dias. Segundo um deles, a simples existência do PT “envergonha e constrange” (esqueceu de dizer: a classe dominante).
O STF no curso da Ação Penal 470 desenvolve um verdadeiro “Guantánamo” jurídico, esmagando os direitos dos réus.
No mínimo, o que a classe dominante busca é pressionar o governo Dilma a ir mais longe nas concessões aos empresários nacionais e estrangeiros.
Mas seu apetite político é evidente, quer construir a todo custo um cenário eleitoral mais favorável. Vale qualquer recurso, qualquer intriga, qualquer black-bloc é apresentado como uma multidão insurreta, qualquer protesto, grande ou pequeno, justo ou discutível, é motivo para pedir mais repressão, acirrar os ânimos.
A maioria do povo, por sua vez, quer mudanças, quer melhorias em sua condição de vida, que virão com as verdadeiras reformas populares Ð com a reforma agrária ou a reestatização – que os petistas sabem que não foram feitas.
Desde já, o governo de Dilma, como a direção do PT, deveriam se comprometer com elas. Ao invés de multiplicar concessões e subsídios aos patrões, que não adiantam porque o emprego industrial está caindo, mas penaliza a arrecadação, mantendo as cidades e os Estados numa verdadeira panela de pressão carente de serviços públicos.
Desde já, Dilma deveria apoiar o Plebiscito da Constituinte para fazer a reforma política, para abrir caminho para as mudanças. Até as pedras do calçamento sabem que com esse Congresso não dá!
Da nossa parte, junto com outros petistas, nos engajamos nas reuniões do Diálogo Petista-Constituinte por Terra Trabalho e Soberania que começam em todo o país. Para lutar pelo que tem que ser feito, agindo como o PT agia.