Uma questão incontornável, escancarada pela pandemia em todo o mundo, é que o povo trabalhador foi confinado social e economicamente a condições degradantes impostas pelo capital financeiro.
No Brasil a situação é agravada com o país à mercê do governo Bolsonaro, erigido pelos interesses associados, representados por alguns que agora se dizem preocupados com o curso das coisas, mas, na verdade, estão preocupados em preservar a aplicação da política para qual Bolsonaro foi por eles escolhido.
A escalada mortífera contra o povo, suas vidas, direitos e empregos prossegue.
Conta-se às dezenas de milhares as mortes pela Covid-19 e às centenas de milhares o número de contaminados; contam-se aos milhões os trabalhadores que perdem direitos e salário, e às dezenas de milhões os que perdem empregos.
E o governo, com o apoio do Congresso, segue governando e atacando, como as recém aprovadas Medidas Provisórias 927 e 936. A Polícia Militar segue matando jovens nas periferias, como Guilherme, de 15 anos, assassinado na capital paulista no dia 16.
No que diz respeito ao governo, Fabrício Queiróz, o amigo miliciano, é preso na casa do advogado da família presidencial, empresários e deputados são investigados. A crise é grande! Mas nada é óbice para Bolsonaro seguir em frente. Os generais, entre 3000 oficiais no governo, o chancelam. Cometendo crime após crime, como o chamado à invasão de hospitais, o governo continua no comando.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia deixa na gaveta os pedidos de impeachment, enquanto, no Judiciário, tramitam lentamente os processos que poderiam levar à cassação da chapa Bolsonaro-Mourão ou ao impedimento de Bolsonaro.
Uma crise profunda e fica tudo em banho-maria até que “os de cima” encontrem uma saída para preservar seus interesses.
Chega!
Os “de baixo” começaram a levar à rua a luta para pôr fora o governo Bolsonaro. Apesar do risco da pandemia, uma ação de quem não tem opção. Como bem disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na saudação à Plenária Nacional do Diálogo e Ação Petista, as pessoas que estão indo às ruas “são as pessoas que foram escolhidas para morrer, mas que escolheram lutar para viver”. De fato, nas manifestações de 7 e 14 de junho houve grande presença de jovens das periferias e grupos negros.
É aí, lado a lado com os que lutam pela vida, por direitos e empregos, por abertura de hospitais, pelo fim do genocídio do povo negro, é aí que a luta pelo fim do governo pode abrir um verdadeiro caminho à democracia, à soberania, aos direitos e conquistas do povo trabalhador.
Nesta perspectiva uma questão se coloca: como o povo trabalhador poderá fazer valer as medidas que revertam a destruição desde o golpe de 2016 e avançar novas conquistas? De “cabo a rabo”, há muita coisa a ser feita e desfeita. As instituições, apesar das trombadas de hoje, estão todas contaminadas pela podridão que gerou Bolsonaro.
A Plenária do Diálogo e Ação Petista discutiu a retomada das lutas, nas quais o DAP se faz presente. E concluiu que a tarefa de colocar um fim no governo Bolsonaro abre a discussão do que virá depois. A disposição mostrada nas manifestações de 7 e 14 de junho, nas greves e manifestações localizadas, tende a crescer. Dela virá o ponto de apoio para criar as condições da luta por um novo governo e uma Assembleia Constituinte Soberana para descontaminar o país da política parasitária do capital financeiro que confina o povo trabalhador a condições miseráveis de vida.