China: o combate pela libertação do militante operário, Chen Guojiang

Em 18 de março, a organização Defensores dos Direitos Humanos da China divulgou o seguinte comunicado:
“Libertem imediatamente o responsável de entregas da linha de frente Chen Guojiang!

O governo chinês deve libertar imediatamente o militante trabalhista, entregador, Chen Guojiang, que foi preso em 25 de fevereiro em Pequim. Chen, um popular ativista das mídias sociais, costumava postar artigos sobre as condições precárias de trabalho dos entregadores da linha de frente nas cidades chinesas e, recentemente, convocou os entregadores a boicotar empresas que cortam bônus para trabalhadores que não conseguiam cumprir as metas de alta demanda durante o período do Ano Novo Chinês (…).

Chen Guojiang é um ex-dono de restaurante que se tornou motorista de entregas com motocicleta em 2019, depois que sua empresa de restaurantes faliu. Chocado com as condições de trabalho no setor, ele se tornou um dos fundadores de um grupo no WeChat (o correspondente chinês do WhatsApp) chamado ‘Aliança para os entregadores de moto no país da anarquia’, que utilizava a rede social para organização e defesa dos direitos dos entregadores (…).

Alguns apoiadores atribuem a detenção de Chen ao fato de que seu grupo WeChat atraiu mais de dez mil seguidores e ele se tornou um líder sindical de fato para cerca de sete a dez milhões de entregadores chineses, que jogaram um papel fundamental no fornecimento de serviços essenciais, especialmente durante os confinamentos da Covid-19. De acordo com a Radio Free Asia, membros do grupo WeChat de Chen planejavam realizar uma greve em solidariedade a ele em 8 de março, mas a polícia tomou medidas preventivas para que o plano não se concretizasse.

Acredita-se que Chen esteja detido no Centro de Detenção de Chaoyang, na cidade de Pequim. O pai de Chen Guojiang, Chen Wanhua, divulgou uma carta aberta expressando suas preocupações por seu filho (…).
No auge da pandemia da Covid-19, quando muitos restaurantes foram fechados e cidades foram fechadas, os pedidos de entrega de comida aumentaram e os entregadores tornaram-se indispensáveis ​​para o funcionamento básico da sociedade chinesa.(…) Nesta semana, o presidente chinês Xi Jinping destacou a importância da economia de plataforma, incluindo a necessidade de o governo ‘preencher as lacunas, reforçar os pontos fracos, criar um ambiente inovador, resolver contradições e problemas pendentes e promover o desenvolvimento saudável e sustentável da economia de plataforma’.

Apesar desta nova atenção social e política, os trabalhadores chineses do setor têm poucas proteções de direitos trabalhistas e os problemas no local de trabalho são comuns, com pelo menos sete greves ou manifestações de entregadores desde janeiro de 2020, de acordo com o mapa de greves do Boletim do Trabalho da China. Eles reclamam frequentemente de questões como as longas horas de trabalho, as tabelas salariais incertas, o assédio dos empregadores e as deduções arbitrárias de salários ou as demissões.

A organização Defensores dos Direitos Humanos na China (CHRD) exorta o governo chinês a libertar Chen Guojiang imediatamente e sem condições. Enquanto aguarda sua libertação, Chen deve ter permissão para ver um advogado de sua escolha e para entrar em contato com seus familiares.

O governo chinês também deve garantir a proteção da liberdade de associação, de expressão, de comunicação e o direito de se organizar para defender os direitos trabalhistas. O governo chinês também deve assinar e ratificar imediatamente as convenções fundamentais da Organização Internacional do Trabalho: Convenção 87 (sobre liberdade sindical e proteção do direito sindical) e Convenção 98 (sobre o direito de organização e de negociação coletiva).”

A.T.

Contatos:
Renee Xia, diretora (mandarim, inglês), reneexia@nchrd.org
William Nee, coordenador de pesquisa e defesa,
william@nchrd.org

Publicado no jornal francês Informations Ovrières
Tradução Adaias Muniz

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