Combate à pandemia nos EUA é caótico

A pandemia de coronavirus se espalha nos Estados Unidos. A cidade de Nova York é particularmente afetada, mas a Covid-19 se espalha por toda a parte. Chicago, Detroit, Milwaukee, entre outras, são atingidas.

A falta de equipamentos de proteção individual é generalizada. Os trabalhadores dos setores essenciais não recebem nem a proteção básica: luvas, máscaras, medidas que permitam colocá-los à distância do público. Em 17 de março, os motoristas de ônibus de Detroit tiveram de entrar em greve para conseguir equipamentos e a decisão de que os passageiros entrem pela porta de trás do veículo.

O jornal “The New York Times” de 30 de março listou dez greves de trabalhadores, algumas organizadas pelos sindicatos, outras espontâneas, tendo como pauta a exigência de condições de higiene. Da Fiat-Chrysler ao McDonalds, passando por fazendas de aves e serviços de entrega, os trabalhadores se recusam a colocar sua saúde em perigo para que os patrões continuem a lucrar durante a crise.

O problema se torna mais grave ainda entre o pessoal de enfermagem. Se, nesse período de sobrecarga dos sistemas hospitalares, não optaram por fazer greve, esses trabalhadores se reúnem em frente a hospitais, com cartazes, para exigir máscaras, luvas e aventais que lhes permitam preservar sua saúde e a de seus pacientes. O sindicato de enfermeiros NNU organizou, nos dias 1º e 2, manifestações em 15 hospitais de seis estados. A entidade apresentou denúncias contra mais de 125 hospitais relativas à falta de material de proteção.

No hospital Montefiore de Nova York, outro sindicato, o SEIU, representa o pessoal da enfermagem. Em 2 de abril, cerca de 30 funcionários se reuniram em frente ao hospital para reivindicar equipamentos de proteção. Um manifestante afetado pela Covid-19 explicou: “O único critério para eles era a febre. Eles me disseram para colocar uma máscara e voltar. Estamos com falta de pessoal, então eu acho que era meu dever voltar (…), mas eu tinha medo de transmitir a doença a meus colegas, aos pacientes que não tinham o vírus”. Outro manifestante concluiu: “É simplesmente o caos!”

Desemprego explode
Em duas semanas, 10 milhões de estadunidenses foram registrados como desempregados (no dia 9, já eram mais de 17 milhões – NdR). Os números do desemprego de março revelam taxa de 4,4%, ante 3,5% no mês anterior. E os especialistas, inclusive representantes do governo Trump, estimam que o desemprego atingirá de 30% a 40% dos trabalhadores no país.

Entre os negros, a taxa de desemprego subiu para 6,7%. Eles são também os mais atingidos pela doença. A Propublica divulgou as primeiras estatísticas sobre a distribuição da moléstia por raça, na cidade de Milwaukee. Os negros representam apenas 26% da população, mas são mais da metade dos doentes e 81% dos mortos. Mais pobres, em média, que os brancos, os negros são geralmente menos bem cuidados e mais afetados pelo diabetes, que é um fator de agravamento da doença.

Fred Royal, da NAACP, importante associação de defesa dos direitos dos negros, explica que os doentes são enviados de volta para casa e orientados a cuidar de si mesmos: “O alarmante é que muitos desses indivíduos foram mandados para casa quando já tinham sintomas, e morreram antes que saísse o resultado de seus testes”.

Em uma carta aberta aos senadores, a NAACP se opôs à lei Cares, votada por unanimidade no Senado, que libera US$ 2 bilhões de fundos federais, essencialmente para as empresas, para tentar combater a crise econômica provocada pela pandemia.

correspondente

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