Como seguir a luta por Fora Bolsonaro?

Ato “nacional” em 2 de outubro na Paulista foi menor que anteriores a não ser no palanque

A sexta jornada de atos Fora Bolsonaro em 2 de outubro ficou aquém do esperado pelos organizadores. É certo que houve bons atos – como em Fortaleza, Recife, BH, Curitiba e outros – e que a presença de sindicatos foi maior. Mas, no conjunto, reuniram menos gente que os de junho e julho.

Na Avenida Paulista, no “ato nacional” com palanque ampliado para os que buscam uma “3ª via” (“nem Lula, nem Bolsonaro”), cerca de 30 mil pessoas protestaram contra a alta dos preços dos alimentos e combustíveis, o desemprego, a PEC 32 (reforma administrativa) e as privatizações, exigindo o fim imediato do governo Bolsonaro. Mas era visível a decepção quanto ao público presente.

No carro de som oradores pediam “impeachment já” – improvável, dado o peso do “centrão” de Lira na Câmara – e se anunciou 15 de novembro como nova data de manifestações. A ausência de Lula certamente não ajudou a ampliar a presença do povão. Ilustres desconhecidos do PSDB e outros partidos da “3ª via”, ao lado de Ciro Gomes (PDT), que respondeu às vaias com gestos de “ladrão” dirigidos a petistas, o que gerou algum tumulto na sua saída. O suficiente para que o PCdoB e outros “frente amplistas” tirassem notas de desagravo a Ciro.

O que indicam os atos de 7 e 12 de setembro e agora o de 2 de outubro é que a “3ª Via” nada soma nos atos de massa, se é que não subtrai.

Bolsonaro, que sim mobiliza sua base, operou um “recuo tático”, pelas mãos de Temer, dando espaço ao “centrão” para votar reformas exigidas pelo “mercado”. A CPI do Senado acumula denúncias de crimes de Bolsonaro e seus asseclas, mas tudo vai para as gavetas de Augusto Aras (MPF). A crise institucional segue aguda, com o povo jogado no desemprego, miséria e fome, enquanto o governo de destruição da nação segue instalado.

Como avançar na luta?
Os que tomam a sua vontade pela realidade, como a CSP-Conlutas, dizem que “greve geral é a solução”. Mas ainda não estão reunidas as condições para uma greve geral.

Tampouco basta indicar o 15 de novembro como “próxima parada”. Ainda mais que no dia 20 o movimento negro – e a maioria do povo oprimido é negra – chama atos de massa por Fora Bolsonaro e seria preferível concentrar nesta data.

Esperar as eleições de outubro de 2022 para tirar Bolsonaro, além de subestimar o golpismo desse governo, significaria degradar ainda mais a ruína da nação.

Assim, a menos de uma explosão social, imprevisível por natureza, a tarefa é ampliar por baixo – locais de trabalho, periferias, bairros populares e favelas – a mobilização pelas questões concretas de sobrevivência de nosso povo, cuja resolução exige o fim imediato do governo Bolsonaro. É o que ampliará a luta, e não a presença de políticos “3ª via” nos palanques.

Julio Turra

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