A Venezuela é uma expressão concentrada da luta de classes na América Latina, com impacto internacional: a nação sofre um ataque frontal do imperialismo dos EUA e dos governos da região e da Europa com ele alinhados.
No front interno, a burguesia promove o contrabando, a estocagem de produtos de primeira necessidade, deixando de investir no país. É essa chamada “guerra econômica”, base da situação crítica em que a inflação atinge níveis astronômicos, penalizando os mais pobres, provocando insegurança e desespero que a oposição manipulou no último período com manifestações violentas.
O governo Maduro tenta resistir fazendo apelos à mobilização popular desde o início deste ano. Processo que desaguou na eleição da Assembleia Constituinte em 30 de julho, com o voto de 8 milhões de venezuelanos.
As sanções econômicas
Trump montou um cerco financeiro, bloqueando o acesso da Venezuela aos bancos dos EUA para obter recursos para pagar o serviço da dívida externa do país. Maduro foi buscar ajuda da China e Rússia, às quais se prometem vantagens na exploração de petróleo e outros minérios, para tentar evitar um calote, enquanto na Constituinte se inicia um debate sobre essa dívida, em que aparecem propostas de renegociação, moratória ou não pagamento neste momento de crise aguda.
Enquanto Washington eleva a pressão económica, nas fronteiras amazônicas da Venezuela ocorrem exercícios militares dos EUA com o Brasil, Colômbia e Peru, na “operação Amazon Log 17”. Os deputados Guevara e Borges fazem um giro pela Europa – já foram recebidas por Macron na França – para pedir posturas mais agressivas contra a Venezuela e recursos para a oposição.
Maduro anuncia novas leis e medidas
Em 7 de setembro, Maduro anunciou diante da Constituinte oito leis para atacar a crise econômica. Além dessas leis – que trazem aspectos contraditórios (vantagens a investimentos nas zonas mineradoras para empresas estrangeiras, por exemplo) – Maduro anunciou um aumento de 40 % no salário mínimo, um bônus de 31 dólares para cada criança na escola pública, a investigação do destino de recursos dados pelo Estado a exportadores, bem como a cobrança de impostos devidos pelas empresas.
Nesse cenário em que a Constituinte busca elevar-se acima dos outros poderes e abrir uma saída para o povo trabalhador e a nação oprimida pelo imperialismo, nos dias 16 e 17 setembro reúne-se em Caracas uma conferência internacional “Em defesa da Paz, da Democracia e da Soberania na Venezuela”, na qual, além de representantes do MST, da CUT e outras organizações brasileiras e da América Latina, se fará presente também uma delegação do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT) que organiza a Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração entre 8 e 10 de dezembro na Argélia (norte da África).
Correspondente