Aqui está a edição nº6 do jornal O Trabalho. Lançada em 01 de Agosto de 1978, impulsionada pela então OSI (que se tornaria a corrente OT do PT), a edição trazia na capa matéria e imagens da assembléia geral dos bancários, que iniciavam uma massiva campanha salarial.
Confira abaixo o índice da edição:
Página 1
– A Luta nos Bancos
“(…) A oposição, apresentando propostas claras, dirigiu a assembléia desde o seu começo. Franscisco Teixeira, presidente do sindicato, foi ignorado e completamente desmoralizado, retirado da presidência da Mesa. Mal aberta a sessão, uma bancária pediu que fosse eleita a direção dos trabalhos. (…) A partir dessa vitória política – raras em campanhas salariais onde os pelegos se utilizam das mesas para toda sorte de manobras, os oradores se sucederam. O tema das intervenções: a greve”
– Editorial
“Realizando uma greve que promete não terminar tão cedo, os trabalhadores levantam várias questões que começam com o fim da lei do arrocho salarial, passam pela necessidade de se construir uma nova estrutura sindical, independente do Estado, e terminam com a necessidade de forjar novas leis para o país, através de uma Constituinte Democrática e Soberana (…)”
Página 2
– Mais um ataque do terror
“Num espaço de três dias, duas sucursais do jornal “Em Tempo”, de Belo Horizonte e Brasília, foram invadidas e saqueadas por grupos terroristas de direita, autodenominados Comando de Caça aos Comunistas, CCC; Grupo Anti-comunista, GAC; e Movimento Anticomunista, GAC (…)”; “listão dos torturadores”
– Professores paulistas também preparam sua greve geral
“Os professores do ensino público estão estudando as melhores formas para obterem as reivindicações que vem colocando ao Governo desde o início do ano: 27% de aumento, mais os 28% dados à todo o funcionalismo público e não concedidos à rede municipal, onde o salário é congelado; (…) As correntes mais combativas do professorado estão tentando dar uma expressão organizada à insatisfação e aglutinar os professores para deliberarem as melhores formas de seguirem sua luta. (…)”
– Itu: Greve e passeata
“ (…) Paralisados desde terça feira, inicialmente em apenas 3 empresas (Couri, Carpi, 3M), os ceramistas de Itú – dentre eles muitos menores de 12 anos de idade – têm enfrentado toda sorte de ameaças que chegam até a prisão e espancamento de vários deles. É também com altivez que respondem ao desprezo patronal e a sua contraproposta de 10% de antecipação salarial. (…)”
– Telesp parou quatro horas
“Após quatro horas de greve no dia 24 de julho, os 500 trabalhadores do setor leste do Serviço de Manutenção da Telesp voltaram ao trabalho, sem conseguirem suas reivindicações: aumento imediato de 50% e redução do preço das refeições (atualmente 14 cruzeiros). (…)”
– Demissões na Scânia
“(…) Varios demitidos foram ao Sindicato, denunciando que a Scania estava dispensando, em primeiro lugar, os operários que ela julgou mais ativos durante as greves. / Além de omissos, diretores do Sindicato praticamente reconheceram o direito da empresa realizar cortes. (…)”
– Metalúrgicos em campanha
“Os metalúrgicos do Rio de Janeiro iniciaram sua campanha salarial no último dia 28 de julho. (…)as principais intervenções frisaram a necessidade de que a assembléia fosse o ponto de partida de uma ampla mobilização da categoria contra o arrocho salarial e pela organização das comissões de fábrica (…)”
– Perseguição na Cásper
“Três alunos do curso de jornalismo da Cásper Líbero foram impedidos pela direção da escola de renovarem suas matrículas. (…) Esse tipo de proibição já foi utilizado no início do ano pela diretoria da escola, contra três ex-dirigentes do Diretório Acadêmico. (…) A faculdade tem uma longa tradição repressiva. Um exemplo: proíbe reuniões e frequentemente suspende quem participa delas. (…)”
– Contra Prisão
“De 18 a 20 de Julho, o governo militar efetuou seis prisões, na cidade satélite de Guará e no Plano Piloto, em Brasília. Acusações do Departamento de Polícia Federal: atividades ligadas à Convergência Socialista. (…)”; jornal Versus
– Prisioneiros sob censura
“Altino Rodrigues Dantas Júnior, preso político que atualmente cumpre pena no presídio do Barro Branco, em São Paulo, enviou carta à redação de “O Trabalho”, denunciando a proibição arbitrária por parte das autoridades da entrada de diversas publicações no presídio, (…)”
– Expediente
“Editores: Paulo Moreira Leite, Edmundo Machado, Arthur Pereira Filho, Paulo Nogueira, Mário Sérgio Conti, José Roberto Campos e Celso Marcondes. (…)”
Página 3
– Imagem: Funcionários no Hospital das Clínicas
– Trégua nos hospitais
“Menos de uma semana depois de terem suspendido sua greve, médicos e funcionários do Hospital das Clínicas e do Servidor Público começam a desconfiar, muito justamente, de que podem ter sido enganados pelo governo. (…) As reuniões de uma Comissão formada por cinco representantes do governo, do Sindicato dos Médicos, do Conselho do Hospital das Clínicas e da Associação de Docentes da USP, que iria estudar alguma forma de negociação entre os servidores e o governo, chegou ao único resultado de se esperar: nada foi resolvido por enquanto. (…)”
– As gráficas também pararam
“(…) Por dois dias, os 2100 operários cruzaram os braços e só voltaram ao trabalho depois do aumento conquistado. No mesmo dia em que a Abril parou (20/07), também os operários de uma outra grande gráfica, a Companhia Litográfica Ipiranga, paralisaram o trabalho. (…) Agora, uma semana depois, fala-se na iminência de novas greves entre os gráficos do jornal O Estado de São Paulo e da Editora Melhoramentos. (…)”
– A Greve chegou às redações
“(…) A greve teve grande impacto sobre o conjunto da categoria. ‘A Abril é o exemplo’ afirmavam diversos jornalistas reunidos no Sindicato, enquanto se levavam as negociações. Em algumas redações, começavam as operações-tartaruga, ao mesmo tempo em que se ampliava a mobilização na maioria das empresas. (…)”
Páginas 4 e 5
– Encontro Operário
“Próxima reunião preparatória: domingo, dia 6 de agosto às 15 horas. (…) Boletim informativo. (…)”
– Zé Pedro: “caminhando para a CGT-livre”
“(…) Nesse momento surge a proposta do Encontro Operário. José Pedro da Silva, um dos Dirigentes da oposição metalúrgica de São Paulo, deu seu depoimento a ‘O Trabalho’: (…)”
– Em Minas, o balanço de uma vitória
“(…) a Oposição de Belo Horizonte abre um largo espaço à organização dos trabalhadores em comissões de Fábrica, que consolidam um movimento que pode desmbocar, rapidamente, na realização de um Encontro Operário. Foram estas algumas questões que quatro membros da Chapa 2 discutiram com a correspondente de O Trabalho em Belo Horizonte: (…)”
– CNTI ferve e não serve
“(…) No combate travado, não faltaram as moções, as reuniões paralelas dos autênticos, os discursos inflamados e mais radicais teses sobre o sindicalismo e a situação nacional. Não faltou praticamente nada. A não ser os trabalhadores. / Eles não haviam sido convidados ao Congresso; não haviam elaborado suas teses; não haviam discutido nem eleitos seus delegados. (…)”; Independência Sindical; Central Única dos Trabalhadores; Partido Operário
– Sem mobilização, a derrota da Chapa 3
“Há cerca de um mês, mobilizados diante de seu Sindicato, os metalúrgicos da Oposição Sindical de São Paulo conseguiram a impugnação das eleições para a nova diretoria, tendo em vista a constatação das esperadas fraudes promovidas pela Chapa 1, presidida por Joaquim Andrade. (…) Porém, durante a ‘guerra jurídica’ posterior, a mobilização foi deixada de lado. (…) a oposição limitou-se a publicar um boletim, denunciando as irregularidades. Tudo isso facilitou para o governo a manutenção do pelego, impedindo-se a abertura de mais uma brecha na estrutura sindical. (…)”
Página 6
“(…) Qual é o motivo da farsa eleitoral e da perene ‘instabilidade’ dos governos da classe dominante boliviana? A resposta pode ser resumida em uma palavra: os trabalhadores, que no Peru impõem o naufrágio do nacionalismo burguês de Moralez Bermúdez; que na Nicarágua fazem duas greves gerais em quatro meses; que no Chile retomam suas lutas, provocando cisões na Junta Militar; e que no Brasil derrubam o arrocho salarial. É esse movimento geral dos trabalhadores latino-americanos que faz tremer o Estado boliviano. (…)”
– O primeiro Soviet da América Latina
“A existência da Assembléia Popular boliviana entre maio e agosto de 1971 representa o cume de todo um processo de maturação da consciência de classe dos trabalhadores bolivianos. Depois de ter vivido décadas sob a opressão de governos de nacionalismo burguês e pequeno-burguês e ditaduras militares, a classe operária boliviana chama à si a tarefa de liderar os camponeses, os estudantes e as massas oprimidas, e estabelece o poder dos trabalhadores. (…)”; COB; MNR; POR; PCB(Bolívia).
– Documentos da Assembléia Popular
“Os documentos que orientaram a convocação e os trabalhos da Assembléia Popular, expressam a elevada consciência política dos trabalhadores bolivianos que, baseados em duas décadas de luta contra o nacionalismo burguês e pequeno-burguês, estabelecem como objetivo imediato o governo operário-camponês e a construção do socialismo. Damos aqui, pela primeira vez no Brasil, os trechos mais significativos desses documentos. (…)”
Página 7
“(…) Na verdade, a essência de todos os ‘planos de paz’, de todos os manifestos e de todas as declarações das partes envolvidas é a seguinte: como liquidar a resistência palestina, uma ameaça constante ao Estado de Israel, à presença do imperialismo na região e à própria existência de regimes burgueses no Oriente Médio? (…)”
– Israel e Palestinos, a convivência impossível
“(…) O povo palestino teve suas terras invadidas, suas casas destruídas e milhares deles morreram na luta contra o invasor. Obrigados a se exilar, foram procurar refúgio nos países vizinhos, na Jordânia e no Líbano principalmente. Muitos ficaram e acabaram se tornando cidadãos de “segunda classe” em seu próprio país. (…)”
– Uma única saída: Constituinte Palestina
“(…) Os planos do imperialismo se chocam com a própria existência do povo palestino do povo palestino, com as suas reivindicações nacionais. Para os palestinos a questão da independência nacional é uma questão de vida ou morte. Disso depende sua existência como povo. (…) Para a classe operária de Israel não existe esperança no sionismo. Somente a consciência de pertencer à Palestina pode oferecer uma saída para ela. E a saída é o combate, lado a lado, dos trabalhadores judeus, palestinos e árabes, contra o sionismo, contra a burguesia, pela Constituinte Palestina, pela Nação Palestina. (…)”
Página 8
– Greve, demissões. A luta dos funcionários da Baneser
“(…) A partir dai os trabalhadores decidem pela greve, aprovada por unanimidade, com início marcado para 25/7. (…) Mas neste dia apenas 150 pessoas comparecem ao sindicato; diante da intensa pressão nas agências, a vacilação é grande e poucos tem coragem de abandonar o trabalho. No 31º andar da agência-centro da Banespa, cerca de 50 pessoas são ameaçadas pelo Tenente Coelho, responsável pelos vigilantes, de chamar o DOPS caso insistissem em sair. (…) No dia 26, os trabalhadores falam com a diretoria da Baneser, que promete não punir os grevistas caso eles voltem ao trabalho. Alguns chegam a voltar, mas são mandados embora, iniciando-se uma onda de demissões. (…)”
– Banespa pune bancários
“No momento em que os bancários iniciam sua campanha salarial, demonstrando sua disposição de ir à greve em defesa de suas reivindicações, os patrões resolvem golpear seu movimento, e intimidar a categoria. (…)”
– Vaias, manobras. Começam as assembleias em BH
“A perspectiva de greve marcou também a intervenção de uma série de bancários no início da campanha salarial da categoria, no Rio de Janeiro. Cerca de 600 pessoas participaram de uma assembleia no Sindicato, e aprovaram todas as propostas da oposição aos pelegos. (…) Em Belo Horizonte, a campanha salarial começou com as manobras do presidente do sindicato, Arlindo Ramos. Numa assembléia com cerca de 350 bancários, os pelegos protelaram bastante a discussão sobre o aumento gastando 45 minutos na discussão de uma minuta de 28 pontos, tirada do encontro de Londrina, em Janeiro deste ano. (…)”