Aqui está a edição nº 009 do Jornal O Trabalho, publicado em 12 de Setembro de 1979, pela Organização Socialista Internacionalista, que posteriormente se tornaria a corrente O Trabalho do PT. Esta edição acompanha as mobilizações de massa dos professores do estado de São Paulo, o posicionamento da UEE sobre as eleições, os movimentos de rejeição da estrutura sindical burocrática ainda vigente e outros assuntos que demonstravam o grau acirrado da luta de classes no Brasil e no mundo, e traz na sua capa e corpo fotos de diversas assembléias e mobilizações classistas.
Confira abaixo o índice da edição:
Página 1
Editorial
“(…) É a luta dos trabalhadores contra a brutal exploração a que foram submetidos que está na raiz da crise do regime. O próprio Euler, grande ídolo dos emedebistas autênticos, se encarrega de mostrar isso mais uma vez, ao abandonar a demagogia dos seus discursos e juntar-se a Geisel na repressão a estudantes e trabalhadores, fazendo coro com o ministro Prieto no combate à construção de uma central sindical de trabalhadores (…)”
Página 2
Belgo mineira: a vitória dos trabalhadores. Mas não se formou a comissão de fábrica
“(…) Depois de várias reuniões sem resultado entre diretoria do sindicato e a empresa , os metalúrgicos de João Monlevade, em assembléia realizada no dia 31 de agosto, optaram pelo único caminho capaz de levar adiante a sua luta: a realização da greve. Às 8h30, no cine Monlevade, cerca de 1000 trabalhadores decidiram paralisar suas atividades naquele mesmo dia, às 15 horas. (…)”
Governo dirige as cooperativas. E os camponeses são enganados
“Nos nove estados do Nordeste existem atualmente cerca de 1300 cooperativas agricolas. Elas não são autônomas: foram criadas pelo Governo ou pela Igreja, não pela iniciativa própria dos camponeses. Mas a elas se encontra filiada uma parcela significativa de pequenos agricultores, que trazem para seu interior todos seus problemas e suas legitimas reivindicações. (…)” Secas no NE
BH/Contagem: Metalúrgicos falam da sua arma, a greve
“(…) Na assembléia decidiu-se também pela negociação direta com os patrões, sem a interferência do Ministério do Trabalho. Para tanto, optou-se pela formação de uma comissão composta pela diretoria e outros membros do plenário. Além dessa comissão, que ficou para ser aprovada na proxima assembléia (10/9). acertou-se a formação de uma comissão salarial aberta(…)”
Governo e “Autênticos”
No ultimo sábado, dia 9, o governo, através do Ministério do Trabalho, baixou uam nova portaria para lembrar aos sindicalistas ‘autênticos’ que existem em vigor no País uma CLT e um conjunto de leis que proíbem ‘reuniões e deslocamentos de dirigentes sindicais, para atuação comum ou em grupos de caráter político’. (…) Com isso o governo quis tentar convencer o grupo de sindicalistas ‘autênticos’ (entre eles o Lula) a desistir da ideia de ir em caravana à Brasília (…)”
UEE realiza 2º congresso
“(…) A discussão a respeito do posicionamento da UEE em relação às eleições de novembro se coloca na ordem do dia, num momento em que as brechas abertas pelo movimento da classe operária, desde maio deste ano, exigem maior discussão e maior clareza nas posições de entidades, sindicatos, movimentos etc. (…)”;
Na UnB, mais um DCE-Livre
“(…) Passando por cima de toda a repressão sofrida no ano passado, os estudantes da Universidade de Brasília elegeram o DCE-Livre nos dias 5 e 6 de setembro. Invasões, ameaças, suspensões, nada disso foi suficiente para conter o avanço do movimento estudantil na construção das suas entidades livres e independentes. (…)”; Liberdade e Luta
Estivadores contra corrupção
Estivadores de Santos; Oposição Sindical
Expediente
“Editores: Paulo moreira Leite, Edmundo machado, Arthur Pereira Filho, Paulo Nogueira e José Roberto Campos. (…)”
Página 3
Light: continua luta pelos 20%
“(…) Depois de cumprida sua missão de porta-voz dos patrões, o pelego recebeu a resposta dos operários: vaias e mais vaias. Se, numa 1ª assembléia, Magri se mostrou com cara paternalista, hoje já não é mais possível esconder sua verdadeira face: Pelego no verdadeiro sentido da palavra (…)”
Eleições SABESP – CETESB: Pressões não intimidam Chapa 2
“(…) É assim que às vésperas das eleições, Antônio Santiago resolve empunhar a bandeira pela qual a Oposição vem lutando desde abril, época da campanha salarial. Mas quem esteve nas assembléias deve se lembrar muito bem do tremendo esforço da diretoria para desbaratinar a luta pelos 20%. Fizeram de tudo, até mesmo cortar o som quando a Oposição falava e puxar a cadeira antes que um operário, na falta de microfone, pudesse subir para se fazer ouvir melhor. (…)”; Independência sindical; liberdades democráticas; Assembléia Constituinte
Rumo à unidade com encontro regional
(…) “Realizado num período delimitado pelas greves operárias que começam a colocar por terra a camisa-de-força de um sindicalismo controlado pelo Estado, o Encontro Regional de Osasco, assim como os outros encontros regionais que deverão ocorrer, aprofundará a plataforma de reivindicações em torno da qual se dará o Encontro Operário da Grande São Paulo. (…)”; 65% de aumento; negociação direta com data-base única; reajuste trimestral; piso salarial de três minimos; estabilidade das comissões de fábricas.
Página 4 e 5
A Força de um comando geral
(…) “O comando geral dos professores só existe e tem força na medida em que expressa o combate dos grevistas, nas escolas e nas assembléias. Assim, fazem parte do Comando os professores eleitos nas Regionais que, só em São Paulo, são mais de 10, subdivididas em sub-regionais e comissões por escola. Essas instâncias organizativas controlam as finanças, as discussões com os pais e alunos, com professores não grevistas. Em outras palavras, toda uma estrutura foi montada, em cima de dois elementos fundamentais: democracia e independência. (…); comparativo entre experiência da greve geral dos professores, bem sucedida, e da greve geral dos bancários, que não saiu
Professores: Hora da decisão
“(…) Com a adesão de 180 mil grevistas, os professores paralisaram as escolas apesar da legislação repressiva do regime militar, boicote das diretorias traidoras das entidades da categoria e pressões dos diretores nas escolas. Ao vencer a repressão a todos os níveis, conquistaram a sua primeira vitória – o direito de greve. (…)”
Armadilhas do Estatuto
“(…) o Estatuto aparentemente concede algumas reivindicações, mas somente no plano conceitual, pois nos cálculos finais a situação pouco muda. Assim, o mês de 5 semanas, antiga reivindicação do professorado, é estabelecido para compensar a desvalorização da aula padrão (…)”
Agora, o congresso
“(…) Para unificar as reivindicações em um movimento de caráter nacional, há uma proposta: a realização, em outubro, de um congresso de professores de todo país. (…)”
Bancários: E a greve não saiu
“(…) Para enfrentar um inimigo centralizado e poderoso, como o setor financeiro, que joga papel fundamental na economia do país, era necessário organização. (…) Ter o Sindicato nas mãos, relativamente democratizado, não era a solução para os problemas que, na verdade, começavam aí. (…)
A Repressão
“Mesmo desgastada e desmoralizada, a diretoria pelega do Sindicato dos Bancários contribuiu com o que podia para que a forte repressão tivesse ainda um maior efeito sobre uma greve mal organizada. (…)”
Campanha agitada
“(…) Aproveitando-se da ação da guarda dos pelegos e de provocadores policiais, Laércio Figueiredo, presidente do Sindicato, colocou a proposta em votação quando, devido à agressão, todos os presentes haviam se levantado para saber o que havia ocorrido. O pelego, rapidamente, fez o encaminhamento – ‘Quem estiver de acordo com a proposta dos patrões, fique de pé’ (…)”
Página 6
Chile – 5 anos: O fracasso da Frente Popular
“(…) Para as direções dos partidos Comunista e Socialista, a Unidade Popular seria o governo “apoiado sobre todas as forças da sociedade, tendo contra ele apenas os setores mais reacionários”, conforme afirmou Luis Corvalan, secretário-geral do PC chileno. Ou seja, o governo das organizações operárias em conjunto com a burguesia ‘menos reacionária’ (…)”
Os Cordões Industriais
“(…) Na crise revolucionária que sacudiu o Chile em 1970-73, os Cordões Industriais constituíram-se em embriões de organismos do poder operário, em organismos de características pré-soviéticas. Eles expressaram a luta da classe operária contra o Estado construido pela classe dominante e sua vontade de forjar um Estado operário, em aliança com os camponeses pobres e com as massas exploradas. (…)”
Página 7
Nicarágua: O povo em armas contra 40 anos de ditadura
“(…) A rebelião armada na cidade começou quase no mesmo momento em que era deflagrada uma greve geral, que paralisa o país até hoje, visando acabar com a ditadura de Anastásio Somoza. (…)” Sandinismo; antiimperialismo
Peru: Trabalhadores exigem fim do governo militar
“(…) Os trabalhadores peruanos estão usando todas as armas de que dispõem para acabar com o regime militar. A Constituinte, apesar de outorgada, é uma delas. Os deputados operários, eleitos sob as palavras de ordem de “Abaixo o governo militar” e “Constituinte soberana e com poder” refletem a vontade das massas exploradas de acabar com o governo dos generais. (…)”
Itália: PC contra ‘perigos’ da greve
“(…) O partido Comunista Italiano está tentando convencer os trabalhadores que as greves são uma arma ineficaz na luta por melhores salários e melhores condições de vida. (…)”
Página 8
Liberdade
“É o que pedem milhares de estudantes pelo Brasil inteiro, inconformados com as prisões de militantes da Convergência Socialista. Em Santo André, operários fazem um Ato Público de protesto. Na Europa, as grandes sindicais francesas exigem a imediata soltura de todos eles, assim como deputados operários da Espanha, Áustria, Portugal e Suíça (…)”
Em Goiás, a luta de um líder camponês: Anistia e Partido Operário
“De 61 a 64, Narciso Alves de Moraes foi o presidente do Sindicato Rural Senador Canedo, em Goiânia. Com o movimento militar de 31 de março, Narciso seria preso diversas vezes, (…); reprodução de falas de Narcíso Alves sobre anistia, relatos de formas de repressão e sobre construção de um partido de trabalhadores.