A eleição do Andes-SN ocorreu nos dias 10 e 11 de maio. Três chapas concorreram, a chapa 1, da situação, representando uma continuidade de mais de 20 anos, a chapa 2, uma ruptura do condomínio dirigente e a chapa de oposição, Chapa 3-Renova Andes. O resultado proclamado pela comissão eleitoral foi:
Tomando só os números, o quadro de eleitores aptos chegou ao ponto mais baixo dos últimos 9 anos, 64.914, uma perda de mais de 5.000 filiados, dos quais apenas 16.349 compareceram às urnas, ou 25% dos filiados.
Em relação à eleição de 2020 (remotas), a chapa da Diretoria recuou 30 votos, de 7086 para 7056, enquanto o Renova evoluiu 1.105 votos (5.658 – 6.763). Se tomarmos a última eleição presencial como referência (2018), a perda de votos da Diretoria (1676 votos a menos, -19%) foi bem maior do que a do Renova (452, -6%). O que não foi o suficiente para a Chapa 3 fazer maioria. No conjunto, porém, a Chapa 1 sai minoritária.
Este quadro equilibrado, numa situação em que o sindicato recua no número de filiados e de comparecimento às urnas (mesmo com 3 chapas concorrendo!) explica porque a Diretoria aprofundou a forma viciada de organização do pleito e fez uso à fundo das distorções das regras de disputa.
As chapas foram anunciadas em fevereiro e foram homologadas no início de março, mas apenas depois disso a Comissão Eleitoral Central (CEC) determinou quem compunha o eleitorado, incluindo professores de instituições onde não há seções do ANDES, como UFRN, UFG, UFBA, ou onde a seção se encontra inadimplente, como na UFPE, mas excluindo os da UFMG e UFSCAR, nas quais as atuais diretorias das associações docentes começaram um processo de refiliação delas ao Sindicato Nacional. Por que? Neste caso, a CEC, atuando como representante da chapa de situação, aplicou a matemática: onde a votação se previa desfavorável à chapa 1, interditou a votação. A diferença de menos de 300 votos mostra que esta manobra pode ter decidido a eleição.
Um resultado esdrúxulo deste arranjo antidemocrático foi que o candidato a presidente pela Chapa 1, docente da UFMG, não teve direito a voto. O presidente do ANDES-SN eleito não foi eleitor nestas eleição, isto é, como a CEC considerou que o sindicato não existe na UFMG, ele sequer é filiado ao ANDES-SN!
Note-se que a fixação do universo de eleitores apenas depois do processo se iniciar impediu as chapas de oposição de pedir a impugnação do candidato não filiado ao sindicato. É de se perguntar ainda como o presidente eleito é atualmente 1º vice-presidente da Regional Leste do sindicato posto que sua base foi considerada fora do quadro do ANDES-SN. Em qualquer eleição democrática não se poderia admitir que um candidato não fosse eleitor.
A eleição eivada de irregularidades das quais esta é apenas a mais grave pariu uma diretoria, para se dizer o mínimo, ilegítima.
A batalha do Renova ANDES, que continua, integrará a luta pela restauração da democracia sindical e da legitimidade, mas o Fórum de oposição entende que esta luta é inseparável de levar o sindicato a reatar com as lutas concretas que hoje implica na defesa do orçamento das instituições públicas de ensino superior em face do Novo Arcabouço Fiscal, na luta pela recomposição dos salários no setor público, como na greve atual de docentes das estaduais do PR, na recuperação do financiamento da pesquisa e na restauração da carreira docente, hoje desintegrada.
O Renova prepara um seminário nacional para dar conta destas imensas tarefas para o próximo mês de junho.
Erika Suruagy