Eleições na Turquia, vitória à moda de Rei Pirro

Erdogan foi reeleito na Turquia, em 28 de maio, mas, pela primeira vez, disputou um segundo turno, do qual saiu com 52% de votos, contra 48% para seu oponente. O seu partido, o AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), perdeu lugares nas eleições legislativas e, portanto, só pode aliar-se a grupos nacionalistas ainda mais à direita que ele. Kemal Kilicdaroglu, o oponente de Erdogan, tentou, no intervalo dos dois turnos, uma operação que teve resultado contrário. Para fazer aliança com a extrema direita, foi ainda mais brutal que Erdogan, ao declarar querer expulsar os 3 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia.

Enquanto no primeiro turno vários partidos curdos tinham chamado o voto em Kemal Kilicdaroglu, durante o intervalo entre os dois turnos ele reafirmou a unidade da Turquia, ou seja, um ataque direto contra a população curda. Resultado: nas regiões curdas, os votos em Kilicdaroglu foram perdidos. Em todas as grandes cidades, como Istambul e Ankara, o líder da oposição venceu, enquanto o centro do país e as áreas rurais votaram maciçamente em Erdogan.

O país está fraturado, dividido. A tensão nestas eleições, os insultos de ambos os lados alimentaram a grande crise. A Turquia é um país à beira da falência econômica. A inflação ultrapassa os 50%. Aliás, as populações urbanas, as mais atingidas, foram as que votaram em Kilicdaroglu.

Ninguém sabe o que pode acontecer nas próximas semanas e meses.

L.G., publicado originalmente no jornal francês Informations Ouvriéres
Tradução: Leonardo “Ratão” Ladeira

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