Publicamos a entrevista com a militante negra do DSA (Socialistas Democráticos da América) Chi Anunwa, originalmente concedida ao periódico francês “Informações operárias”.
Qual é a situação atual das manifestações em Nova York?
Como você provavelmente sabe, há manifestações contra a violência policial em Nova York todos os dias, há mais de uma semana. Estas manifestações estão ocorrendo em todos os distritos de Nova Iorque. Em muitos deles, a polícia tem atacado manifestantes pacíficos, aumentando assim inutilmente as tensões. Para piorar a situação, o prefeito de Nova York tem apoiado a polícia contra os manifestantes. E para agravar ainda mais, ele até decretou um toque de recolher em Nova York, pela primeira vez em décadas. Infelizmente para ele, a multidão tem desafiado seu toque de recolher e feito manifestações durante a noite. Posteriormente, ele revogou o toque de recolher.
Qual é a situação dos negros nos EUA neste momento, com a epidemia e suas conseqüências sanitárias e sociais?
Por causa do legado do racismo sistemático nos Estados Unidos e da desigualdade de renda generalizada neste país, os negros sofrem desproporcionalmente com a pobreza e têm sido afetados pela pandemia de forma igualmente desproporcional, tanto em termos de saúde quanto econômicos. Para piorar a situação, os negros também têm que sofrer com a violência policial neste país.
Estas manifestações estão ocorrendo em um momento de explosão do desemprego. Qual é a ligação com a situação econômica?
As pessoas se manifestam contra a violência policial mas, em certo sentido, essas manifestações são o resultado inexorável de um sistema político que fracassou em todos os níveis. As pessoas estão indignadas com a brutalidade policial, mas também estão indignadas com um sistema, com nosso deficiente sistema de saúde, com o aumento do custo da moradia, com o aumento do desemprego, com um governo que falhou em todos os níveis, na sua luta contra a epidemia e em muitas outras coisas. A única solução nesta fase é investir mais em serviços sociais que ajudem as pessoas e retirá-las de instituições prejudiciais, como a polícia, as prisões e o exército.