Esperança na vitória de Lula

Pesquisas são um retrato, às vezes distorcido, mas não a realidade. As últimas pesquisas eleitorais deixam aberto o resultado do 1º turno, o que anima a militância a se engajar pela vitória, que Lula acredita ser possível já no 1º turno.

Os festejos do 7 de setembro foram apropriados por Bolsonaro, o qual patrocinou a fusão de setores militares com a sua turba nos desfiles de Brasília e do Rio – tratores com tanques, barcos com navios da Esquadra, homeschooling com infantaria etc. Fato inédito, constitui crime eleitoral, mas não houve nem tentativa de cassar o registro eleitoral de Bolsonaro.

No Rio, o Choque perseguiu jovens que vaiaram a sua motociata. Em Fortaleza, o deputado estadual Delegado Cavalcante discursou que vão “ganhar na urna ou na bala”, e à noite, em Confresa (MT), um bolsonarista assassinou um petista a golpe de machado. O dia 7 foi, inegavelmente, um degrau na escalada bonapartista (autoritária), os bolsonaristas saíram fortalecidos.
Na semana seguinte, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) legitimou o acordo de fiscalização pelos generais de uma “amostra” da apuração das eleições. O que é o mais novo passo da tutela militar, pois os militares nunca fizeram isso.

Assim, ganhando ou perdendo as eleições, tanto Bolsonaro vai querer manter a “fusão” civil-militar que criou, como os generais vão querer continuar a tutela aumentada. Esse é um dado novo no cenário.

Ele se reflete na pesquisa do Datafolha que aponta 68% das pessoas com medo de agressão política, a ponto de 10% dos eleitores de Lula entrevistados “considerar não ir à seção eleitoral”, aumentando a abstenção em seu prejuízo!

Há de fato um clima de intimidação contra Lula e o PT expresso numa série de pequenos incidentes, como o abalroamento de veículos adesivados e a pouca propaganda nos muros e janelas.

A isso se somam as ameaças públicas de empresários: uma fazendeira na Bahia diz que vai “demitir sem dó”, e um empresário mineiro fala, ao lado do candidato a vice, general Braga Netto, em “tirar os funcionários de esquerda”! Bolsonaro ainda questiona as urnas e ameaça enquadrar todo mundo nas “quatro linhas da Constituição” que lhe permite fazer o que quer.

Como se chegou a este ponto?
A resposta aponta diretamente para a responsabilidade das instituições que são cúmplices da carreira política de Bolsonaro. Em 30 anos, não puniram Bolsonaro e a extrema-direita vinda dos porões. Assim como nenhum outro militar foi punido desde o fim da ditadura, graças ao acordão da Constituição de 1988. Não seria agora, no governo, que Bolsonaro e seus generais iriam ser apeados pelo impeachment, mesmo com quatro anos de barbaridades e escândalos. Nem o Congresso nem o STF fizeram nada efetivo!

Por isso, pode-se dizer que a intimidação e a onda de violência que começou, acentuam a urgência de, para um futuro de paz e de direitos para o povo, se estabelecer a democracia, e para esse fim, acabar com a tutela militar expressa no artigo 142 da Constituição.

Isso deve ser deliberado numa Constituinte Soberana, ao lado da revogação das contrarreformas trabalhista e da Previdência, das reestatizações, da reforma urbana e agrária, da mídia e do Judiciário. Pois neste Congresso nada disso passa, por mais deputados que o PT eleja (e quanto mais eleger, melhor).

A iniciativa pela Constituinte é uma tarefa central do novo governo Lula como depositário das aspirações populares. Não há outro meio de realizá-las.

Mas a Campanha Lula, sejamos realistas, por enquanto segue outro rumo. Com um discurso rebaixado e alianças sem fronteira, raramente toca na questão militar. A intimidação cresce, as pesquisas mostram, mas o assunto não apareceu nos debates e na propaganda eleitoral. Foi só no comício de Curitiba, no último dia 17, que Lula finalmente questionou a tutela militar e a fiscalização das urnas.

Para vencer no 1º ou no 2º turno com força para fazer reformas estruturais, é mais que hora de fazer um apelo à militância com base numa pauta popular de direitos concretos – como as 13 medidas de emergência do DAP que incluem o fim da tutela militar – para mobilizar para valer, derrotar a intimidação e expulsar do poder Bolsonaro com seus generais.

Reta Final
Para o povo oprimido, o voto em Lula é recurso prático disponível para se livrar de Bolsonaro e de sua política. Para nós do DAP, a conclusão prática é fazer uma campanha eleitoral com foco e plataforma.

É na reta final dos próximos 15 dias que tudo se concentra.

Em primeiro lugar, não se deixar intimidar, não recuar do terreno democrático conquistado, fazer as bancas e panfletagens de nossos candidatos, sempre coletivas e com o cuidado de autoproteção.

Em segundo lugar, dialogar com os setores populares em vista dos votos, mas também do agrupamento e das relações para o período seguinte, como na mobilização da enfermagem. Ainda é tempo de realizar reuniões para potencializar os últimos dias da campanha nas empresas, nos bairros e nos terminais.

Markus Sokol

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