“A voz dos estudantes é muito importante, muitos não estão satisfeitos. É preciso haver luta.”
Em Diadema, região metropolitana de São Paulo, ocorreu, em 16 de junho, uma audiência pública sobre o Novo Ensino Médio (NEM). A vereadora Lilian Cabrera (PT) requisitou e presidiu a atividade. Foi uma oportunidade para os estudantes e professores explicarem, para um público diverso, o seu ponto de vista sobre o NEM. O Trabalho conversou com Aryanne e Robert, estudantes presentes na audiência.
Para Aryanne, “é importante vir ao conhecimento do público a importância de revogar o Novo Ensino Médio. Acho que isso pode ajudar a crescer o movimento da revogação, os que veem por fora a situação não entendem os motivos por trás disso. Com essas audiências públicas, mais gente vai lutar contra o NEM.”
Já Robert avalia que o Novo Ensino Médio piorou a qualidade do ensino na escola pública: “o NEM não ajuda a gente, deveria ter mais português e matemática, substituíram por um itinerário que não faz sentido (…). O que deveria ter na escola pública e nos dar oportunidade para ser alguém na vida. Deveria ter mais aulas de matemática, o que ajuda no ENEM, no vestibular, a arrumar um emprego. Se você procurar um emprego em uma empresa eles pedem para você fazer algumas contas e uma redação. Eu acho que se, de 10 alunos, 2 souberem fazer todas as contas e a redação é muito.”
Aryane considera que o maior problema é a desculpa de fazer a escola mais atrativa com a reforma. Ela afirma “eu pesquisei sobre o Novo Ensino Médio. Fizeram isso porque queriam deixar a escola mais atrativa para os estudantes. O efeito foi o reverso. Os estudantes passaram a ver matérias totalmente fora do raciocínio deles, não são atrativas, não deu certo.”
A estudante considera que “a causa dos desinteresses dos alunos é muito mais profunda do que isso. Pra mim, o desinteresse dos alunos não é como é aplicado o ensino, mas, sim, fora da escola. O que os alunos passam na casa deles? A família é bem estruturada? Esse estudante está bem? Se o aluno não está bem em casa, na família, como ele vai se concentrar na escola? Não tem apoio nenhum na escola, não tem uma pessoa para ouvir os estudantes, seus problemas, o que ele está passando.”
Robert foi taxativo: “Temos que estar focados em falar direto sobre o Novo Ensino Médio, toda hora. Nós somos o futuro, temos que discutir isso. A gente está fazendo o nosso futuro, os adultos já estão aí, eles tem que pensar nos outros. Eu acredito muito nessa geração, nós só precisamos de um empurrão, porque muita gente já sabe como é a vida, se você for para o caminho errado vai acabar sendo preso. Então temos duas opções: ou ir preso ou ser alguém na vida, a escolha é óbvia: vamos ser alguém na vida!”
“Quero dizer que a voz dos estudantes é muito importante, muitos não estão satisfeitos. É preciso haver luta”, considerou Aryanne ao final da conversa, e concluiu: “Os estudantes precisam entender que a voz deles têm poder e os estudantes têm que ir para luta, eles têm que lutar contra aquilo que eles não gostam. A luta é mais profunda que isso, não é só o que não gostamos, o problema tem que ser mais bem avaliado e ter que continuar explorando. A luta pela educação de qualidade na escola pública não é rápida, vai durar muito tempo.”