As mobilizações iniciadas em junho, protagonizadas pela juventude, abalaram as instituições garantidoras de uma ordem na qual a maioria oprimida do povo do país não se sente representada.
Pânico na burguesia. Os meios de comunicação manipularam, pondo na boca dos manifestantes aquilo que não diziam. Como a fabricada “palavra de ordem”contra a PEC 37, que retirava do Ministério Público o poder auto-outorgado de investigação. O reacionário Congresso Nacional, na brecha aberta pela mídia, começou a votar projetos de interesse das classes dominantes, muito bem protegidas pelas atuais instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF), e derrotou a PEC 37. Num ativismo desenfreado, o Congresso busca se preservar para deixar tudo como está.
Depois que a presidente Dilma propôs, em 24 de junho, na reunião com governadores e prefeitos, o plebiscito pela convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer a Reforma Política, nada menos que 73% se declararam a favor da Constituinte (Data Folha 29/06).
A proposta de Dilma abriria a brecha para começar a mexer nas instituições carcomidas, mantidas desde a “transição pactuada” por cima para frear o movimento revolucionário das massas, que derrubou a ditadura militar.
É verdade que a presidente recuou, sob bombardeio do seu vice, Michel Temer do PMDB, e do presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Mas, apesar da tentativa do Congresso de retomar o controle da situação e da campanha da mídia para fazer crer que o que está em questão são as organizações criadas pelos trabalhadores, e não as instituições burguesas, no dia 11 de julho, o que se viu foi os trabalhadores retomandoa cena, com suas organizações sindicais.
O PT TEM A RESPONSABILIDADE DE ABRIR UMA SAÍDA POLÍTICA
Em todas as capitais e cidades do interior, os trabalhadores, chamados por suas centrais, saíram às ruas, no Dia Nacional de Lutas com paralisações. Na pauta, a redução da jornada de trabalho para 40 horas, sem redução do salário, a Reforma Agrária e fim dos leilões do petróleo.
Reivindicações que a presidente Dilma pode, sim, atender, se romper com a política exigida pelo imperialismo. Sabemos que, ao fazê-lo, não contará com o apoio da maioria reacionária do Congresso, boa parte abrigada na sua base de sustentação.
Mas, sem dúvida, terá o apoio massivo dos trabalhadores e da maioria oprimida, que voltou às ruas para levantar demandas por profundas reformas, represadas desde o fim da ditadura militar e que, nos já quase 11 anos no governo, o PT não atendeu.
“Dilma, plebiscito sim, por uma constituinte!” foi a palavra de ordem levantada pelos militantes da Corrente O Trabalho do PT que, no dia 11, participaram das mobilizações e paralisações. “Palavra de ordem muito bem recebida pelos manifestantes”, dizem nossos correspondentes (pags. 6 e 7). As centrais chamam para 30 de agosto um Dia Nacional de Paralisação. Estaremos juntos!
Na atual situação, a questão central que se coloca é a responsabilidade do PT em abrir uma saída política para a crise. Em 11 de julho, o PT foi um grande ausente nas ruas.
Como Corrente constitutiva do partido, participamos do Processo de Eleições das Direções (PED), integrando a chapa “Constituinte, por Terra, Trabalho e Soberania”, reerguendo as bandeiras do PT (ver pag. 4). As mesmas bandeiras levantadas nas mobilizações e no dia 11 de julho: terra para quem nela trabalha, direitos, serviços públicos, recuperação das nossas riquezas. Para conquistá-las, é preciso dar a palavra ao povo.