Greve de entrevistadores sociais obtêm primeira vitória

Empresa começa a pagar salários e 13º atrasados, mas mobilização segue por outras reivindicações

Trabalhadores da Fundac, empresa que terceiriza o trabalho dos entrevistadores sociais responsáveis pelo cadastramento do CadÚnico para a Prefeitura de São Paulo.

Conversamos com A.C., trabalhadora da Fundac (prestadora de serviços para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social de São Paulo (Smads), integrante do comando da greve, iniciada na segunda-feira (9/12), após assembleia que definiu a pauta (pagamento dos salários atrasados, segunda parcela do 13º salário e de outros direitos, como férias e rescisões dos demitidos) e formou o comanado da greve.

São mais de 400 trabalhadoras(es) da Fundac que presta serviços terceirizados nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) e nas Subprefeituras, nas praças de atendimento do programa Descomplica da Prefeitura de São Paulo.  Entrevista realizada por Alexandre Linares.

Foi bem difícil fazer os trabalhadores entenderem os direitos que têm e aderirem à greve. Mas, quando começou o atraso nos salários, a grande maioria decidiu parar. Não só pelo salário, mas também pelo pagamento da segunda parcela do 13º, pelas horas extras não pagas antes da eleição, quando trabalhamos até aos domingos, e pelas férias vencidas — há funcionários com três ou quatro períodos de férias acumulados. É um estado de calamidade, todos os direitos são violados. Há ainda as péssimas condições de trabalho. Nos locais onde atendemos, trabalhamos com cadeiras e ventiladores quebrados e os computadores, mouses e teclados são de baixa qualidade. A situação é crítica tanto nos postos de atendimento quanto fora deles. Para quem vai às ruas, no trabalho de campo, as condições são ainda piores, insalubres. Não temos respaldo da empresa e sequer conseguimos contato com o RH que não responde aos e-mails. É uma situação muito difícil, mas conseguimos organizar a nossa greve.

Sim, a Fundac perdeu a licitação, e, já sabemos que vai haver troca de empresa. Porém, até agora, a nova contratada não passou nenhuma informação. Os funcionários estão no escuro, sem saber se serão recontratados.

Este fim de ano está destruindo a sanidade mental dos funcionários e ex-funcionários, que precisam lutar e se humilhar pelo mínimo: seus direitos. Exigimos a manutenção dos empregos de todos os entrevistadores sociais da Smads. A nova empresa deve assumir os funcionários da Fundac e garantir seus direitos.

Sim, parte começou a receber os salários, e a segunda parcela do 13º também está sendo depositada nesta sexta-feira. Porém, até agora, às 14h, ainda havia funcionários sem pagamento. Esperamos que todos sejam pagos. Mas nem todos os direitos que cobramos foram atendidos.

Sim, a mobilização continua. Uma nova assembleia está marcada. Seguiremos organizados, discutindo as novas pautas que surgirem e as pendências que já estamos lutando para resolver. Continuaremos mobilizando a categoria.

Não se calem, não desistam dos seus direitos. Se é um direito, vocês precisam lutar por ele, porque ninguém vai tomar a frente da luta por vocês. É preciso mostrar o rosto, a cara e a voz de vocês. Sem isso, a luta não é justa. Eu agradeço o apoio de vocês.

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