José Ricardo para Prefeito de Manaus

O principal ponto, de fato, da pauta do Diretório Nacional do dia 15, invadindo a noite, foi um recurso sobre a candidatura a prefeito do PT em Manaus (Amazonas). Na verdade, a reunião foi chamada para isso, pois uma resolução anterior avocava para o DN a última palavra nos casos das cidades com mais de 100 mil eleitores.

O Diretório local havia tirado o nome do deputado estadual e também presidente do Diretório Estadual, Sinésio Campos, por estreita margem de votos (25 X 21), contra o deputado federal José Ricardo. O primeiro do Movimento PT com o setor da CNB do presidente do Diretório Municipal, Valdemir Santana (ex-presidente da CUT-AM), e o segundo da Resistencia Socialista com apoio de três outros setores da CNB e várias correntes nacionais. O resultado do DM era contestado no recurso, mas a Secretaria de Organização Nacional não acolheu a parte formal dos questionamentos, de modo que a decisão foi, então, principalmente política.

O DN ouviu duas vezes ambos os pré-candidatos e a argumentação destoava. Sinésio argumentava que era sua vez, tinha o direito pois já fora vice e abrira mão em favor de “aliados” ex-ministros dos governos Lula e Dilma. Ele questionava as pesquisas, e sinalizava um “diálogo” para um acordo sobre 2022. Já José Ricardo se apresentava mais preocupado com a defesa da Saúde, com o combate contra a Covid, e pelo Fora Bolsonaro. Ele reivindicou o seu favoritismo nas pesquisas publicadas.

Na verdade, foram duas votações: a primeira era uma preliminar levantada por um membro do DAP, sobre se se decidia ali, independente de qual candidato fosse, ou se adiava por mais uma semana como propunha uma dirigente do CNB, para o “diálogo” que Sinésio sinalizou (2022?). O resultado foi uma maioria de 51 para decidir, contra 37 para adiar. Passando-se, então, a discussão do nome, José Ricardo, apoiado pelo DAP, obteve 64 votos contra apenas 16 de Sinésio, com 8 abstenções.

O CNB, a corrente majoritária, se viu em três porções, parte com um candidato, parte com outro, parte se abstendo. Notável e lamentável, foi a última fala de Sinésio derrotado, que desandou a atacar o Diretório, como se aquilo fosse uma intervenção etc.

Recuperar e expandir a Saúde pública
A questão agora é a da unidade do PT para disputar. O PT de Manaus tem uma boa chance de sair vitorioso da eleição, depois que a tragédia da Covid desmascarou a responsabilidade dos últimos governos estaduais e municipais, do PSDB ao PMDB e outros, às vezes coligados com Lula, com o PT, quem tem grande apelo no Estado.

Manaus, uma das maiores cidades do país, é uma vitrine no país, e no plano internacional, para a construção da alternativa do PT no plano social, sanitário, indígena e ambiental. Mas, como em outras cidades, haverá que superar disputas menores, composições muitas vezes de puro “interesse”, para dar voz à militância e avançar junto com ela numa plataforma de reconstrução do país, com alianças compatíveis, dando especial atenção à expansão dos serviços públicos.

J.A.L.

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