Impunes, eles defendem o golpe de 1964 que instalou o regime militar
Um manifesto assinado pelos presidentes dos Clubes Militar, Naval e da Aeronáutica, divulgado como “homenagem” ao golpe de 1º de abril de 1964 e critica o trabalho da Comissão da Verdade por se concentrar nos crimes cometidos por agentes do regime. Não é a primeira vez que militares, como outros setores reacionários da sociedade, reagem contra a Comissão da Verdade, justamente porque temem o que as investigações podem revelar o que pode aumentar a pressão na sociedade para que sejam punidos.
Em declaração à imprensa, o brigadeiro Ivan Frota, presidente do Clube da Aeronáutica, diz que em fevereiro visitou o então coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, para falar “sobre a inconveniência dessa iniciativa de reviver dissensões do passado e da tentativa de apreciar fatos já transitados em julgado, no Supremo Tribunal” (OESP 28/03).
Inconveniente para as vítimas que convivem com a impunidade de seus carrascos? Para o povo brasileiro, que segue exposto aos entulhos deixados pela ditadura? Ou para os criminosos que torturaram, assassinaram, e continuam impunes, recebendo seus honorários, alguns inclusive ainda no serviço público?
O brigadeiro Frota se resguarda na decisão vergonhosa do Supremo Tribunal Federal, que afirmou a Lei de Anistia como instrumento de proteção dos torturadores e assassinos do regime.
Claudio Fonteles já havia afirmado, em entrevista a O Estado de S.Paulo, que só em dezembro de 2012 (a comissão foi instituída em maio), os membros da comissão passaram a receber alguma documentação cedida pelos militares.
ASSESSOR DE ALCKMIN DEFENDE A DITADURA
Ricardo Salles combate a Comissão da Verdade, como no evento que comemorou o golpe no Clube Militar do Rio, no ano passado, onde afirmou que “não vamos ver generais e coronéis, acima dos 80 anos, presos por causa dos crimes de 64. Se é que esses crimes ocorreram”.
Salles é o secretário particular de Alckmin (PSDB), escolhido pelo governador de São Paulo a acompanhá-lo na cerimônia de publicação de 1 milhão de arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) do Estado.
Esclarecer e divulgar a verdade dos crimes do regime militar deve servir como um impulso à exigência da punição dos criminosos da ditadura.
Priscilla Chandretti