O Brasil e o PT que o 5º Congresso não ouviu

Cúpula surda cega e muda à luta dos trabalhadores

A situação é cada vez mais difícil para os trabalhadores, ameaçados de desemprego, queda nos salários e perda de direitos. Mais difícil também para os que precisam de terra para trabalhar, educação, saúde e moradia. Na origem da dificuldade está o plano de ajuste fiscal comandado pelo ministro Levy. Esse Brasil, representado pela maioria do povo trabalhador, não foi a preocupação da maioria dos delegados, maioria estreita, é bem verdade, presentes ao 5º Congresso do PT.

Alheia ao desemprego que não para de crescer, à diminuição do consumo das famílias trabalhadoras, alheia enfim à situação do Brasil real, a cúpula partidária resolveu, atendendo ao pedido de Lula e Dilma, seguir em frente na sua submissão à política econômica que está levando o país ao desastre, impondo sacrifícios à classe trabalhadora. E não faltou oportunidade! A exigência de uma nova política econômica, com a interrupção imediata da política de ajuste, foi apresentada ao Congresso, notadamente através de um manifesto encabeçado pelos dirigentes nacionais da CUT e assinado por mais de 400 sindicalistas petistas.

A cúpula também tapou os ouvidos e fechou os olhos para a situação do próprio partido ameaçado em sua existência por essa política que o afasta de sua base social e abre o flanco para o avanço das forças reacionárias, como a submissão ao presidencialismo de coalizão no qual quem manda é o PMDB.

Cega e surda também aos mecanismos de organização partidária que, cada vez mais, esvaziam o PT do vigor de sua militância, como o Processo de Eleições Diretas (PED), a cúpula orientou a maioria de seus delegados a decidirem manter tudo como está.

Com as decisões do 5º Congresso perdem os trabalhadores e perde o partido. Mas enganam-se os que acham que tudo está perdido!

A mobilização da base social do PT, os trabalhadores da cidade e do campo, que durante todo primeiro semestre marcou o cenário político começa a irromper até mesmo dentro do limitado quadro de um Congresso com delegados eleitos há dois anos.

A estreita margem de votos com a qual a cúpula impôs o bloqueio às propostas que abriam uma saída positiva para o país e o PT se deu pelo descongelamento que se expressou dentro do Congresso.

O manifesto dos sindicalistas, onde a maioria dos aderentes é identificada com a corrente majoritária (Construindo um Novo Brasil) é o dado mais expressivo de um processo que se amplia, num quadro onde setores todas as correntes buscam resistir ao curso impresso pela contradição da política partidária com sua base social.

Esse processo pode indicar uma recomposição dentro do partido, na busca por reatar com seus compromissos originais, única saída positiva para um partido dos trabalhadores.

A Corrente O Trabalho, parte constitutiva do PT, seguirá, ao lado dos companheiros e companheiras do Diálogo e Ação Petista, ajudando a levar esse bom combate.

Depois do 5º Congresso, a vida se impõe. Diante de um PT desarmado, a ofensiva reacionária se amplia para fragilizar ainda mais o governo e o PT, inclusive para seguir a pressão para ir até o fim na política do ajuste fiscal. Mas a luta da classe trabalhadora para a qual a cúpula partidária está surda, cega e muda, não vai cessar porque o 5º Congresso assim decidiu!

Ao lado da classe trabalhadora, vamos prosseguir a luta por outra política econômica, em defesa da nação e dos trabalhadores.

Junto com o Diálogo e Ação Petista, vamos ajudar nesse processo de recomposição que se anuncia, com militantes das mais diferentes origens que buscam se manter fiéis aos compromissos assumidos há 35 anos com a maioria oprimida do povo brasileiro.

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