Correspondentes do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI) relatam que, em 15 de julho, dia em que o presidente dos EUA, Joe Biden, chegou à cidade de Belém, na Cisjordânia, foram amplamente ouvidas palavras de ordem contra a parcialidade dos EUA em relação à ocupação israelense. Desenhos e murais com fotos da jornalista Shireen Abu Akleh, assassinada pelo exército israelense, e outdoors da organização B’Tselem contra o apartheid israelense foram colocados na rota presidencial.
Houve manifestações em cidades palestinas, nas quais se hastearam bandeiras pretas para simbolizar a rejeição à visita de Biden. Em um muro, estava escrito: “Não queremos apoio financeiro e facilidades econômicas; queremos viver livremente, sem ocupação nem apartheid”.
Ghassan Al-Saadi, artista visual e militante político no campo de Jenin, comenta: “É lamentável que a Autoridade Palestina seja uma ferramenta e um agente nas mãos dos Estados Unidos e de Israel. A Autoridade Palestina vendeu o povo palestino e seus direitos por dinheiro estadunidense, a fim de manter a segurança de Israel”.
“Dois Estados”?
Para Salvia Abu al-Laban, militante política do bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém, “estamos em conflito com a ocupação, por liberdade e por nossos direitos nacionais”. Ela afirma: “Nosso problema com a ocupação não é conseguir algumas facilidades financeiras e econômicas, ou obter algumas licenças aos trabalhadores palestinos para trabalhar em Israel. Queremos liberdade e o fim do regime do apartheid em toda a Palestina histórica. Não queremos continuar convivendo com este regime racista israelense”.
Salvia critica a suposta solução de “dois Estados” (um judaico e outro palestino), defendida por Biden: “De que solução de dois Estados o presidente dos EUA está falando? Na Cisjordânia, o que é uma solução de dois Estados sob um regime colonial racista? Essa solução não é mais realista. Acho que a grande maioria do povo palestino hoje acredita que a solução de dois Estados se tornou uma grande mentira irrealista e que a luta contra o regime do apartheid e o imperialismo estadunidense é a única garantia de liberdade e que propõe uma alternativa por um só Estado na Palestina histórica”.
Muawiya Ali Musa, militante em Jenin, avalia que “o principal objetivo da visita do presidente dos EUA é fortalecer as relações com Israel nos planos militar e de segurança, seja através de apoio financeiro ou militar, e também coordenar medidas militares agressivas contra o Irã e o Hezbollah no sul do Líbano”.
Biden, que passou três horas na Cisjordânia em comparação com quarenta e cinco horas em Israel, anunciou novo apoio financeiro à Autoridade Palestina, que deverá ser votado pelo Congresso dos Estados Unidos. “Agora”, diz Muawiya Ali Musa, “tudo o que resta para o povo palestino e as organizações palestinas é desenvolver nova estratégia para um novo programa político nacional palestino, construindo um novo movimento nacional de jovens que lidere a luta contra os planos imperialistas dos EUA e o regime do apartheid israelense”.