Por que é urgente revogar o Novo Ensino Médio?

Frente às manifestações pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM), o Ministério da Educação do governo Lula publicou portaria para suspender o cronograma de implementação.
A federação que representa as escolas particulares divulgar que deve entrar na Justiça contra a suspensão.
De toda forma, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) reafirmaram o calendário de lutas pela revogação do NEM.
Leia, a seguir, artigo publicado na última edição impressa de O Trabalho
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As manifestações realizadas e agendadas contra o Novo Ensino Médio indicam o caminho de mobilização para a derrocada dessa reforma excludente e destruidora de futuro. Aos estudantes, somam-se professores e seus sindicatos, e é fundamental entender o que está em jogo para os jovens e os trabalhadores da educação.

Do que se trata o NEM?
A reforma aprovada durante o governo golpista de Michel Temer divide o ensino médio em duas partes: a formação geral básica e os itinerários formativos.

Na formação geral básica, os estudantes teriam aulas de um núcleo comum dentro de quatro áreas (matemática, ciências da natureza, ciências sociais e linguagens). Mas, atenção: a escola não está obrigada a fornecer aulas de todas as disciplinas e pode trabalhar quaisquer conteúdos dentro dessas áreas, sendo obrigatórias só a matemática e o português. Isso significa que uma escola pode não ter professores contratados para todas as matérias, bagunçando o mercado de trabalho para os docentes e, claro, a educação dos jovens.

Os itinerários formativos têm, por sua vez, requintes de crueldade. Correspondendo a 40% da carga horária total do ensino médio, neles, está prevista uma teórica “liberdade de escolha”. Os estudantes optariam, entre algumas possibilidades, por um caminho que fosse de sua afinidade e fariam disciplinas voltadas a esse interesse. Acontece que as escolas não têm estrutura – física e humana – para oferecer várias aulas ao mesmo tempo com assuntos diversos. Os estudantes ficam, então, atados ao que é possível com o baixo orçamento e desprovidos dos conteúdos que tinham antes da reforma.

Apartheid educacional
Nas escolas públicas, brotam disciplinas que ensinam a fazer brigadeiro e maquiagem e aulas vagas por falta de professor. Reina o desamparo em relação às provas vestibulares, visto que não há nenhuma declaração do governo de como se pretende organizar as provas, agora que cada escola tem um currículo diferente. Nas escolas privadas, por outro lado, a reforma muitas vezes foi feita pro forma, sem alterar o currículo dos jovens que seguem estudando todos os conteúdos que caem nas provas e que são necessários para a universidade. Não à toa, o NEM tem sido chamado pelos estudantes de apartheid educacional.

A reforma mente ao sugerir que, por poderem escolher o que vão estudar, os jovens são “donos de seu futuro”. Não podemos cair nessa mentira. O que está acontecendo é que alunos de escolas privadas estão sendo preparados para o ENEM, vestibulares e o mercado de trabalho enquanto os estudantes de escolas públicas ficam a ver navios. O NEM é precarização disfarçada de empreendedorismo.
Nosso lugar é junto dos estudantes e suas entidades, famílias e professores por um futuro para a juventude: o Novo Ensino Médio precisa ser revogado imediatamente!

Paula Ferreira

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