PREPARANDO UM ANO DE LUTAS

 

Em 7 de dezembro, Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, anunciou um corte de R$12 bilhões nas receitas do Orçamento da União para 2011. Ele não detalhou onde incidem os cortes, mas disse estar trabalhando para preservar “especialmente o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa, Minha Vida”.

No mesmo dia, em entrevista coletiva no Rio, o presidente Lula, em fim de mandato, disse que, para manter o equilíbrio e a estabilidade, “se tiver que mexer, vai ter que mexer em custeio e não em obra de investimento”. Mexer no custeio seria cortar, por exemplo, salários do funcionalismo e gastos sociais, comoos da Previdência? E o aumento do salário mínimo? Já antes dogoverno falar em cortes, o Orçamento previa o valor de R$ 540,00 para 2011 (sem aumento real). As centrais sindicais reivindicam R$580,00, mas Paulo Bernardo insiste na proposta do governo.

Por isso está certa a CUT ao decidir realizar, no próximo 15 de dezembro uma primeira manifestação de dirigentes sindicais em Brasília, diante do Ministério da Fazenda pelo salário de R$580,00.

Em toda parte, quando os governos falam em “manter a estabilidade”, o resultado é despejar os cortes de gastos nas costas dos trabalhadores. Ajuste é a palavra de ordem do FMI e do G-20 (os vinte países “mais ricos”, incluindo o Brasil)para salvar os bancos e as multinacionais diante da crise do capitalismo.

Na Europa, governos adotam medidas que liquidam empregos, direitos, serviços públicos e aposentadorias, como se vê na Grécia, Espanha, Portugal, França, Inglaterra e Irlanda. Medidas exigidas pelo FMI, cujo diretor gerente é o “socialista”francês Dominique Strauss-Khan.

Essa situação, e a resistência dos trabalhadores que se dá através de greves gerais e mobilizações de massa, apesar de todos os obstáculos, contra governos, vários deles ditos “socialistas” (Grécia,Espanha e Portugal, por exemplo), esteve no centro da Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração realizada na Argélia, entre 27 e 29 de novembro, à qual dedicamos quatro páginas nesta edição.

As intervenções dos delegados de 52 países representados foram um testemunho vivo e um ponto de apoio para a resistência dos trabalhadores. Resistência que encontra obstáculos no interior do seu próprio movimento. O maior deles é a política de direções de organizações dos trabalhadores que buscam integrar-se ao acompanhamento dos planos de ajuste que atacam suas próprias bases.

Mais do que nunca é preciso defender a independência das organizações diante dos governos, instituições internacionais e seus planos de destruição. A situação é difícil, mas como foi dito na Conferência da Argélia, os trabalhadores não deram sua última palavra.

É nesse quadro, de defesa da independência e dos interesses dos trabalhadores, que se situam as reuniões do Diálogo Petista que começam a ocorrer em vários Estados para preparar o Encontro Nacional de abril de 2011. Um ano que será de lutas em defesa de direitos e para arrancar reivindicações, as mesmas que estiveram na base da eleição, pela terceira vez, do PT para a presidência da República.

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