No dia 13 de junho, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, compareceu à Plenária Nacional do Diálogo e Ação Petista. Em sua saudação, disse, referindo-se às manifestações de rua contra Bolsonaro: “Não podemos nos omitir. Quem está indo às ruas são as pessoas que foram escolhidas para morrer, mas escolheram lutar para viver”.
No dia seguinte, numa atitude corajosa, Gleisi participou do ato pelo Fora Bolsonaro na Avenida Paulista. Menos de 24 horas depois, a Executiva estadual do PT do Paraná aprovou uma resolução na qual deliberadamente ignora as manifestações.
A omissão explica-se. Em seu informe à reunião, o líder do PT na Câmara, Ênio Verri (como tal, membro da Executiva nacional do PT), fez questão de afirmar que a presença de Gleisi no ato tinha sido uma “decisão pessoal” e que o PT, apesar de publicamente apoiar os atos, não está tomando a iniciativa de convocá-las nem recomenda a participação. Com essa senha, formou-se na Executiva estadual uma ampla maioria composta por CNB e DS (Democracia Socialista).
“Diferente” foi a posição da MS (Militância Socialista), cuja proposta de resolução recomendava a não participação nos atos, porque isso elevaria o risco de contágio da Coivid. Só faltou dizerem que os atos presenciais pelo Fora Bolsonaro são o que Bolsonaro defende que se faça.
O DAP propôs o apoio às manifestações e que o PT tomasse as iniciativas devidas, com todos os cuidados exigidos pela situação. Não adiantou. A maioria resolveu que não era com ela e, duas semanas depois, a resolução nem foi publicada.
A presença da classe trabalhadora, dos jovens, do povo das periferias nas ruas é condição para impedir um acordão “por cima” por parte da classe dominante, com o objetivo de manter e aprofundar as medidas de Bolsonaro/Guedes.
Roberto Salomão