Que lições tirar do 1º de Maio de 2021?

Centrais em “live” com inimigos da classe, bolsonaristas provocando…

O Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora de 2021 foi marcado, em todo o mundo, por manifestações públicas da classe trabalhadora, atacada em suas condições de vida, emprego e salário, pela crise aguda do sistema capitalista mundial, acelerada pela pandemia da Covid-19.

Desde a França, onde mais de 200 mil manifestantes saíram às ruas das principais cidades do país contra o “estado de emergência sanitária” do governo Macron, o qual acoberta ataques a direitos e conquistas obtidos pela luta de nossa classe. Passando pela distante Mianmar (Birmânia), onde as massas resistem há meses a um golpe militar.

Até a vizinha Colômbia, onde o 1º de Maio registrou o transbordamento da paralisação nacional convocada em 28 de abril por centrais sindicais, tornando-se uma rebelião popular contra o governo.

Mas, no Brasil, a CUT e outras centrais sindicais, fizeram um “1º de Maio virtual”, com a presença de FHC, Baleia Rossi (MDB), representantes de partidos que votam medidas contrárias aos interesses dos trabalhadores, enfim, com “penetras” que não têm nada a ver com a luta da classe trabalhadora.

De fraquíssima audiência, o “ato virtual” teve falas que evitaram o “Fora Bolsonaro”, como as de Patah da UGT e Miguel Torres da Força Sindical, e pouca ou nenhuma referência à luta contra as privatizações e a reforma administrativa (ver página 8) por parte dos dirigentes sindicais e seus “convidados”.

Enquanto isso, numa verdadeira provocação, outros “penetras” no dia de luta da nossa classe, os bolsonaristas, faziam carreatas e atos de apoio ao genocida em várias capitais.

Felizmente, algumas CUTs estaduais impulsionaram atividades de rua no 1º de Maio, como em Maceió, Salvador, Porto Alegre, São Paulo, Florianópolis e outras capitais. No Recife, um manifestante com a camiseta “Lula Livre” foi brutalmente agredido por bolsonaristas. Em Campo Grande (MS), a carreata bolsonarista “cercou” a carreata da CUT. São signos da polarização social e política que marca o cenário nacional, sobre o pano de fundo de um colapso não só sanitário, mas econômico, político e social.

Retomar as ruas para por um fim ao genocida
Em todos os atos de rua puxados por CUTs estaduais e movimentos populares, os manifestantes adotaram os cuidados necessários – máscara, álcool gel e distância – diante da pandemia.

Não foram milhares, mas centenas que saíram às ruas em cada uma dessas cidades, “salvando a honra” da data magna da classe trabalhadora. Pois foram atos feitos num terreno independente dos patrões e seus políticos e com as reivindicações urgentes do povo trabalhador, todas e cada uma delas incompatíveis com a existência do governo Bolsonaro.

A simples existência desses atos de rua no 1º de Maio é um desmentido cabal às falas de dirigentes sindicais e partidários de que não há nada a fazer a não ser “ficar em casa e esperar as eleições de outubro de 2022” para tirar Bolsonaro do poder.

Não, a luta é agora, como mostra o povo da Colômbia que, sofrendo uma situação idêntica a do povo brasileiro com a pandemia, se levantou contra o governo direitista de Iván Duque.

A CUT, ao invés de subordinar-se ao consenso rebaixado com a UGT e Força Sindical no “fórum das centrais”, está chamada a retomar o seu protagonismo na luta de classes.

É preciso romper com o paralisante “fique em casa” e adotar atitudes ousadas de mobilização contra Bolsonaro e seus aliados de dentro e fora do Congresso Nacional. A CUT precisa voltar a ser um ponto de apoio para a mais ampla mobilização dos trabalhadores e do povo por nem um dia a mais para esse governo genocida!

Julio Turra

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