Numa primeira discussão, a Executiva Nacional do PT não foi sensível às nossas conclusões (clique aqui e leia o artigo de Markus Sokol). Adotou por maioria com apenas três abstenções um balanço sem conclusão clara que não empolgou ninguém na base, onde há sede de debate.
Formulamos abaixo algumas respostas para algumas das perguntas que os militantes do PT se fazem:
- A derrota do PT não vem da conjuntura da América Latina?
Por certo. Para os trabalhadores, a situação continental e mundial é defensiva, mas isso não justifica os erros cometidos, inclusive subestimar a crise iniciada em 2008 – a chamada “marolinha” – como se fosse possível evitar enfrentar o imperialismo.
- As abstenções somadas aos votos brancos e nulos não são resultado da campanha anti-política?
Isso existe, mas esse resultado está apoiado na frustração da base social do PT que tanto esperou por reformas reais. Também na Europa o eleitorado operário e popular tem se abstido de votar nos partidos socialistas e comunistas; esse eleitorado não “endireitou”, como dizem alguns.
- O recuo eleitoral do PT não é produto da perseguição da mídia?
Há dez anos, cresce a campanha para destruir do PT, puxada pelo Judiciário e a mídia em conluio com o grande patronato. Mas, infelizmente, o PT não se defendeu. Ao contrário, até há pouco, vários dirigentes elogiavam a Lava-Jato.
- A questão é trocar os dirigentes ou ver qual política propor agora?
As duas coisas. Os dirigentes não podem fugir da responsabilidade. E é preciso nova orientação política. Um congresso poderia até confirmar os dirigentes, por maioria. Mas repetir congresso eleito no PED (sigla do Processo de Eleições Diretas, atualmente estatutário no partido, nota do editor) é uma farsa para não mudar de política nem de direção!
Artigo originalmente publicado na edição nº 796 do jornal O Trabalho de 13 de outubro de 2016.