Vacina, um grande negócio

No Brasil, disputa entre governo federal e do estado de SP não mira a saúde do povo

Estamos na pior fase da pandemia. Números mundiais mais elevados do que em 2020. O Brasil volta a atingir a incidência de mais de 1000 óbitos por dia. Com mais de um ano de pandemia a corrida a vacina é a tradução do mundo capitalista: incoerente, duvidosa e desigual. Os países imperialistas garantem suas produções e doses, e a classe trabalhadora se vê à mercê da indústria farmacêutica e de suas patentes.

E, apesar dos países imperialistas correrem para comprar mais de 50% da produção mundial das vacinas, não necessariamente estão garantindo uma distribuição adequada.
Germán Velásquez, ex-diretor do Programa de Medicamentos da Organização Mundial de Saúde, denuncia o grande negócio da vacina com suas patentes e produção (veja aqui)

Vacinar bilhões de pessoas é um negócio estimado em mais de 100 bilhões de dólares! Vale ressaltar que nesse desenvolvimento de tecnologia em imunizantes há uma parcela de investimento dos estados, que é público, e que não haverá retorno, pois essas vacinas serão compradas das indústrias.

Dória brinca com nossas vidas
Divulgado sob influência da indústria farmacêutica e da disputa Bolso x Dória, as eficácias das vacinas causam confusão. A Coronavac teve uma divulgação de eficácia de prevenção de doença de 50,38%. Já a vacina de Oxford produzida pela Fiocruz, foi divulgada com eficácia de 62-90% com média de 70% nos estudos.

A discussão causa insegurança, e o Instituto Butantã, do Estado de São Paulo, apesar de ter equipe de cientistas altamente qualificada, é controlado por Dória. Dima Covas, diretor do Instituto, indicado por Dória, divulgou inicialmente uma eficácia de prevenção de casos leves (78%), e de casos moderados e graves (100%) em uma coletiva de imprensa. Evento político e disputado em contrapartida ao Ministério da Saúde que anuncia que irá requisitar e aplicar as doses. Só depois foi divulgada a eficácia geral e ainda não se tem acesso aos números da pesquisa. Dória usa a vacina para se cacifar politicamente e brinca com nossas vidas.

Dia “D”, Hora “H”
A vacinação não tem cronograma no Brasil. Nenhuma das duas vacinas mais avançadas nos estudos foi aprovada pela Anvisa. Um plano mal feito e não finalizado foi impulsivamente distribuído pelo Ministério da Saúde em dezembro. Erros como excluir as doses da Coronavac do Butantã, e excluir populações de risco confinadas foi realizado nesse plano. Sem datas nem prazo, o General/ministro fala em coletiva: a vacinação começará no dia “D”, na hora ‘H”!

O professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gonzalo Vecina Neto, avalia: “Foi um desastre sanitário provocado pela inação do presidente da República. E esse desastre sanitário significa responsabilização por mortes que seriam evitáveis”. “No primeiro plano feito, o governo retirou do público prioritário: os presidiários, quilombolas, populações ribeirinhas e manteve apenas a população indígena. A estratégia está baseada nos planos europeus onde os países não têm a mesma desigualdade como a nossa. No Brasil, os pobres é que estão morrendo. O plano correto teria que dar prioridade aos profissionais de saúde e depois aos mais pobres, como os que recebem o Bolsa Família, por exemplo.”

Não há vislumbre do Ministério da Saúde, nem previsão de quando os trabalhadores adultos das rendas mais baixas, que são a população com maior acometimento da doença e cada vez o maior percentual da população internada, serão contemplados com a vacina.

Juliana Salles


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