2 de Outubro: mobilizar na base

CUT acertou em manter o 7 de setembro e ao não ir ao fiasco do dia 12

Todas as centrais sindicais, em nota comum (23/09), convocam a participação de suas bases nos atos Fora Bolsonaro de 2 de outubro, o que é positivo. A CUT orienta a realização de assembleias e plenárias para mobilizar para a data, colocando a luta contra a PEC 32 (ver página 6) e contra as privatizações em sua pauta.

Muito bem, mas nas mobilizações de setembro não houve unidade do Fórum das Centrais. Se a CUT acertou em manter, apesar de pressões contrárias e da ausência de algumas das outras centrais, a sua participação nos atos de 7 de setembro em contraponto aos atos bolsonaristas, o Fórum dividiu-se no apoio aos atos do MBL-VPR e da “3ª Via” de 12 de setembro. Cinco das seis centrais “reconhecidas” – Força Sindical, UGT, NCS, CTB e CSB – dividiram palanques com golpistas e direitistas, como Dória e Amoêdo, no fiasco dos atos esvaziados.

O que recoloca a questão do Fórum das Centrais. Metade das entidades que o compõe foi aos atos “nem Lula, nem Bolsonaro” do dia 12, o que mostra a falta de base para um “fórum permanente”. Ainda mais este que vem se estruturando ao redor de uma “agenda legislativa” da qual, até hoje, não foi retirada a proposta de “união dos poderes com a sociedade civil” para enfrentar a crise econômica e sanitária. O que é abertamente contraditório com a posição assumida pela CUT de luta pelo fim imediato ao governo Bolsonaro.

A Plenária nacional da CUT (20 a 24 de outubro) está chamada a discutir o papel desse Fórum e sua crescente “organicidade” (hoje tem funcionários e até grupos setoriais), recusando a subordinação aos seus “consensos”. Afinal, o que se trata é de avançar na unidade na ação, em cima de questões concretas, com cada central preservando a sua identidade, e não de diluir a CUT num cartel de centrais com princípios e métodos distintos, que é a linha que o PCdoB impõe à CTB, por exemplo (ver Box).

Levantar as reivindicações da classe
A presença da classe trabalhadora organizada nos atos por Fora Bolsonaro é de fundamental importância. O que não se deu nos atos ocorridos até aqui, nos quais participaram dirigentes sindicais, mas sem mobilizar as suas próprias bases, via de regra.
Para tanto é preciso destacar as reivindicações próprias de nossa classe – emprego, salários, direitos – que são alvos de ataques do governo Bolsonaro e seus aliados, mas também de governadores e políticos da “3ª Via”. Democracia sem defesa dos direitos se transforma numa palavra oca, incapaz de mobilizar a nossa classe para a luta por Fora Bolsonaro e seus generais.

Julio Turra



PCdoB e “frente ampla”

Dirigentes da Força Sindical, em reunião de sua federação metalúrgica em São Paulo, disseram ter sido um erro participar dos atos de 12 de setembro. O que não se deve esperar do PCdoB, que insiste na sua linha de “frente ampla” após o vexame desses atos.
Na tradição stalinista, o PCdoB impõe às organizações que dirige, como a CTB, ou a dirigentes da UNE, mesmo sem decisão em suas instâncias, participarem em atos e iniciativas da tal “frente ampla”. Agora se empenha na “defesa de Bruna Ferraz”, presidente da UNE, de ataques que estaria sofrendo por “manter agendas públicas com FHC e Ciro Gomes”. Repercutindo coluna do Estadão, uma matéria no site radiopeao.com.br diz que “centrais sindicais” defendem Bruna, com falas de Patah da UGT e Miguel Torres da Força Sindical. Quanto à própria Bruna, estaria de “consciência tranquila” após subir no carro de som do MBL em 12 de setembro.

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