A propósito dos migrantes

Lucien Gauthier
Informações Operarias, Paris, 24 de novembro de 2021

Imagens terríveis de se ver, esses milhares de mulheres, homens, crianças, praticamente imobilizados na fronteira entre a Bielorrússia e a Polônia. Eles estão lá sem nada, enquanto o frio já chegou. A Polônia e a União Europeia acusam a Bielorrússia de forçar os migrantes a entrar ilegalmente na Polônia, com o objetivo de desestabilizar e responder às sanções da UE contra a Bielorrússia.

Evidentemente o presidente Lukashenko joga com esta questão dos “migrantes”. Mas a Polônia também. Colocou milhares de policiais e soldados que empurram brutalmente esses milhares de pessoas de volta. A Polônia, em conflito com as cúpulas da União Europeia por sua recusa em ver a lei europeia suplantar a lei polonesa, usa a questão dos migrantes para forçar a UE a mostrar solidariedade com o governo, denunciado como antidemocrático e autoritário.

A Polônia começou a construir um muro de fronteira com a Bielorrússia. Todas as chancelarias europeias apoiam esta “iniciativa”. As mesmas chancelarias que denunciaram a construção do muro de Trump na fronteira mexicana. Democratas do outro lado do Atlântico, mas não na Europa! Porque em toda a Europa espalha-se uma “caça aos migrantes”: é a Grécia, que constrói um muro com a Turquia, expulsa os migrantes ou os coloca em verdadeiros acampamentos, mesmo desafiando as leis nacionais. É a Bulgária, que enviou o exército para a fronteira turca.

E na França, “pátria dos direitos humanos”, a caça aos “migrantes” também se intensifica. Na fronteira italiana, acima de Briançon, a polícia intervém para expulsar as pessoas que cruzam as montanhas no frio congelante. O prefeito disse: “Nenhuma estrutura de acolhimento será aberta pelo Estado”. Em Calais, inúmeras operações policiais continuam a desmantelar campos improvisados ​​e expulsar seres humanos. Essas pessoas estão em Calais porque querem ir para a Inglaterra, sem qualquer intenção de ficar na França. Mas a Grã-Bretanha está pagando à França para impedir que esses “migrantes” cheguem ao seu território.

É exatamente isso que a UE está fazendo ao pagar à Turquia para manter os refugiados sírios, e também o que ela faz ao financiar as milícias líbias para impedir a travessia do Mediterrâneo. Essas milícias de má reputação matam, colocam na prisão, roubam, estupram e perseguem os “migrantes”, tudo com financiamento da UE.
Um relatório ao parlamento, liderado por Sonia Krimi, apesar de ser deputada pelo partido de Macron, La République em Marche, denuncia a atitude do governo Macron em relação aos “migrantes”.

Atualmente, segundo dados da ONU, trezentos milhões de pessoas tiveram que deixar seus países. Eles fizeram isso por causa da guerra, da violência, da pobreza, da fome ou foram expulsos. Mas essas pessoas não são “migrantes”, são refugiados! E na tradição democrática, o direito de asilo é inalienável.

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