A classe trabalhadora entrou em cena em 22 de março, rumo à greve geral!

Cerca de 70 mil manifestantes na Avenida Paulista em São Paulo, dezenas de milhares em Fortaleza, Recife, Campo Grande, Salvador, outros milhares em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, enfim, em todas as capitais. Passeatas, atos públicos e paralisações de algumas categorias, com destaque para os pro­fessores do ensino médio a chamado da CNTE/CUT, ocorreram em 126 cidades e não faltou o “Lula Livre” em faixas, cartazes e intervenções de dirigentes sindicais, de partidos políticos e movimentos populares.

O 22 de março foi, até o momen­to, a maior manifestação contra a política do governo Bolsonaro, marcada pela determinação dos tra­balhadores em barrar os ataques aos seus direitos, sintetizada na palavra de ordem: “Tirem as mãos da nossa Previdência”.

Foram superadas as expectativas das direções das centrais sindicais que convocaram a mobilização como um “esquenta” para a greve geral. Reunidos em 26 de março, diri­gentes das centrais apontaram para a realização de grandes atos unificados de 1º de Maio tendo como questão central a defesa da Previdência.

Um abaixo-assinado de massa será lançado pelas centrais em 3 de abril em São Paulo (Praça Ramos), exigindo dos parlamentares o voto contra a PEC 06, como instrumento de diálogo com o povo trabalhador, reforçando outras iniciativas do mes­mo tipo já tomadas por organizações sindicais, mandatos parlamentares e pelo PT.

É possível ganhar a batalha e vamos ganhá-la

A entrada em cena da classe tra­balhadora ocorre num momento em que conflitos dentro do governo e entre as forças reacionárias que o apoiam vem à tona, deixando “ner­voso” o principal interessado em pilhar a aposentadoria e os direitos previdenciários dos trabalhadores que é o “mercado”, vale dizer os ban­queiros, especuladores e capitalistas.

O sentimento ao final dos gran­des atos da jornada de 22 de março era de que é possível ganhar essa batalha da Previdência, dada a dis­posição de luta demonstrada pela classe trabalhadora. Para ganhar é necessário continuar desmascarando as mentiras da grande mídia – que buscou esconder as mobilizações – de que a “reforma” é essencial para que a economia deslanche, é preciso intensificar o diálogo com o povo trabalhador e preparar a greve geral.

Mesmo sofrendo as consequências da contrarreforma trabalhista de Temer – com a precarização das con­dições de trabalho – e da tentativa de asfixia econômica da MP 873 e de um decreto presidencial que proíbem o desconto em folha das taxas e até mesmo das mensalidades dos sócios, os sindicatos jogaram um papel cen­tral em 22 de março, contando com o apoio de movimentos populares, partidos e do movimento estudantil. Está claro que a última palavra será dada pela classe trabalhadora e que todos juntos podemos derrotar a malfadada “reforma” da Previdência de Bolsonaro.

Como disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, no ato de São Paulo: “Se colocar para votar a reforma da Previdência, nós vamos fazer a maior greve geral da história deste país”.

Julio Turra


Dia 22 de norte a sul do Brasil

Operários do ABC paulista votam greve geral

Metalúrgicos do ABC no dia 22
Metalúrgicos do ABC no dia 22

Desde as 6 horas da manhã os operá­rios da Ford, que lutam pela preservação de seus empregos diante do anúncio da multina­cional de fechamento de sua unidade em São Bernardo do Campo, começaram a aglutinar­-se diante do carro de som do sindicato dos metalúrgicos do ABC na entrada da fábrica, recebendo outros trabalhadores e dirigentes das centrais sindicais.

Na Mercedes Benz os operários tam­bém se reuniram e saíram em direção à Ford, de onde saiu uma grande pas­seata em direção ao Largo de Rudge Ramos, onde tomaram a palavra os representantes das centrais sindicais.

Julio Turra, em nome da CUT, disse: “Tirem as mãos da nossa pre­vidência. Essa é a palavra de ordem que nos unifica”, agregando que “para a CUT não há outra priorida­de que não seja derrotar a PEC 06”, encerrando sua fala com “Lula Livre”.

Wagner Santana, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, encerrou o ato colocando em votação a greve geral, que foi aprovada com entusiasmo: “Na hora que a CUT e as demais centrais convocarem uma greve geral contra a reforma da Previdência de Bolsonaro nós estaremos juntos, e vamos parar, não só a Ford e a Merce­des-Benz, como hoje, mas sim todas as fábricas da região para dizer que não vamos aceitar qualquer medida que retire direitos da classe trabalhadora”.

No Ceará houve grandes mobilizações

Em Fortaleza, cerca de 30 mil ma­nifestantes, segundo a CUT, marcha­ram da Praça da Imprensa, onde fica a sede da Rede Globo, até a agência do INSS da Aldeota. O ato reuniu as centrais sindicais, com destaque para a CUT e seus sindicatos, além das Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. A coluna do DAP destacou a unidade entre a luta em defesa das aposentadorias e o combate pela liberdade de Lula, com faixa e piru­litos. As falas de dirigentes e parla­mentares foi a de derrotar a PEC 06 e que nela nada há para se negociar.

Importantes paralisações dos profes­sores estaduais e municipais de Forta­leza e Caucaia e dos trabalhadores da construção civil marcaram a data, além de paralisações parciais em outros se­tores, como as universidades estaduais.

No Vale do Jaguaribe, o ato de Mo­rada Nova reuniu manifestantes de 10 municípios. Dirigido pela CUT regional, incluiu uma passeata até a sede do INSS, que teve seu expediente paralisado. Também houve a parali­sação dos professores estaduais e do campus da UECE de Limoeiro do Norte. Servidores municipais também pararam, como em Tabuleiro do Norte.

Mais de 20 cidades participaram no RS

No Rio Grande do Sul houve as­sembleias nas fábricas da Marcopolo e Fras-Le em Caxias do Sul, pautan­do a reforma da previdência. Em Pelotas houve grande participação de estudantes e ainda ocorreram atos em mais de 20 cidades.

No ato unificado das centrais sindicais em Porto Alegre, par­ticiparam cerca de 5 mil pessoas, a gran­de maioria de tra­balhadores levados pelos sindicatos. As falas de representan­tes do PT e da CUT foram impactadas pelo “trompetista” que estava em Porto Alegre para o blo­co carnavalesco “Ai que saudade do meu ex” e puxou o “Lula Livre”, ausente até então dos discursos.

Do Vale dos Sinos (São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras cidades), onde houve mo­bilizações ao longo do dia, saíram delegações para o ato na capital, com a presença de militantes do DAP com pirulitos de “Lula Livre” e contra a reforma da Previdência.

Minas, da capital ao interior

Ocorreram manifestações em Belo Horizonte, Juiz de Fora, Timóteo, Governador Valadares, Uberlândia, Ouro Branco, Ipatinga, Montes Cla­ros e outras cidades do interior.

Paralisações parciais foram organi­zadas pelo sindicato dos professores do estado (SindUTE) e na rede mu­nicipal de Juiz de Fora (Sinpro/JF).

Os maiores atos ocorreram em BH, onde os manifestantes se reuniram na Praça Sete, e em Juiz de Fora, concentração na Praça da Estação e passeata pela Rua Halfeld, cada um deles reunindo mais de 5 mil pes­soas. Tanto nas falas dos dirigentes, quanto em faixas e cartazes, foi feita a relação da luta em defesa dos direitos e contra o desmanche da Previdência com a luta por Lula Livre.

Mais de 10 mil saem em passeata em Salvador

Em Salvador, antecedendo a passeata que juntou mais de 10 mil pessoas, com presença do DAP e da Juventu­de Revolução, houve paralisações de professores da rede básica, das uni­versidades estaduais e também dos rodoviários.

Em Feira de Santana mais de mil manifestantes ocuparam as ruas da cidade para derrotar a reforma de Bol­sonaro. O DAP participou ativamente, comparecendo com pirulitos contra a reforma da Previdência e por Lula livre.

Ocorreram atos também em Vitória da Conquista, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas e Amargosa, onde a APUR, sindicato de professores da UFRB, com outros sindicatos e par­tidos, realizou debate na praça para esclarecer a população dos ataques contra a Previdência.

 

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