Consciência negra: reagir para defender nossas vidas

Atos no dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, são marcados pelo Fora Bolsonaro

A situação da vida dos negros no Brasil, que ainda convive com os resquícios do período da escravidão, mesmo se já passaram mais de 130 anos, não é nada fácil e, com o governo Bolsonaro, o que já era ruim ele faz questão de piorar. No dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, que lembra e homenageia o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, que foi assassinado nesse dia pelas tropas coloniais brasileiras em 1695, diversas manifestações ocorreram nos estados brasileiros de forma heterogênea.

Em São Paulo, a Marcha da Consciência Negra reuniu cerca de 5.000 pessoas e além das pautas históricas, como o combate ao genocídio do povo negro, contou também com o apoio da Campanha Fora Bolsonaro.

Em Fortaleza, o ato foi convocado sob a consigna Fora Bolsonaro Racista, na qual o DAP participou relembrando e exigindo punição aos responsáveis pelo massacre dos jovens no bairro do Curió, em Fortaleza, e da chacina de Jacarezinho no Rio de Janeiro.

Em Pernambuco o fim do genocídio da juventude negra e a defesa dos direitos e reconhecimento das mulheres negras na sociedade foram motes levantados, assim como a justiça pelo menino Miguel.

A violência contra o povo negro é secular, porém nos últimos anos a escalada de assassinatos de jovens negros aumentou absurdamente. O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, detalha que a população negra continua em uma crescente em relação a exposição a violência.

Segundo dados de 2005 a 2015, enquanto os brancos apresentaram uma redução de 12% dos assassinatos, os negros apresentaram um crescimento de 18%!

A juventude negra e pobre, principalmente nas periferias e comunidades, continua vivendo uma verdadeira política de genocídio, em uma situação em que você ser preto e jovem coloca a sua vida em risco. O sistema prisional reflete as consequências da violência policial e um judiciário que escolheu um lado para beneficiar no país.

Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen – 2016) a população carcerária brasileira quase dobrou entre os anos de 2006 e 2016, passando de 401,2 mil para 726,7 mil. E o mais gritante é que cerca de 40% dos presos tiveram sua liberdade cerceada sem ao menos terem o direito a um julgamento. As condições das prisões são as piores possíveis e nelas 64% da população é negra.

Em maio a chacina no Jacarezinho e agora Salgueiro
Em maio, seis dias antes da data que se celebra a abolição da escravidão (13 de maio) a brutalidade da chacina do Jacarezinho (RJ) demonstrou que a violência nas periferias e comunidades não é apenas da PM, visto que a ação foi efetuada pela polícia civil e, até o momento, mais de seis meses depois, não temos nenhum responsável punido. E agora, apenas dois dias depois do 20 de Novembro, vivenciamos a chacina no Complexo do Salgueiro com oito corpos sendo retirados da região de manguezal e muitas mães indo reconhecer seus filhos e ajudar na retirada. “A situação lá era de cenário de terror. Tem gente que não tem como reconhecer, porque está com o rosto todo desfigurado por faca. Como alguém pode dizer que essa pessoa foi morta em troca de tiro, se está com o rosto todo desfigurado” afirmou um dos parentes que precisou ir no Instituto Médico Legal reconhecer as vítimas. Nos dois meses que são celebradas datas importantes para o povo negro, temos duas chacinas que escancaram a violência racial no Brasil.
Desmilitarizar a PM é uma questão central para uma verdadeira política de segurança pública que não tenha como objetivo assassinar jovens negros. Assim como precisamos de políticas públicas que garantam o acesso a todo nosso povo aos seus direitos básicos, que são negados desde o fim da escravidão.
Joelson Souza

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