Foi com emoção geral que Gleisi Hoffman, a presidente do PT, anunciou a uma massa de 50 mil pessoas na frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Distrito Federal que “Lula está registrado, é candidato a presidente do Brasil”. Foi o ponto alto de uma manifestação que tomou Brasília com trabalhadores e jovens vindo de todos os cantos do país.
O registro respaldado pela mobilização popular “apavorou” o mercado e causou a fúria dos jornalões representantes da burguesia no dia seguinte que procuraram ignorar ou dar uma conotação negativa a presença de milhares de pessoas durante o ato.
Uma manchete do UOL no mesmo dia chegou a acusar o PT de “transformar o registro num ato político” (!), como se fosse outra coisa.
O chamado do PT para a manifestação em Brasília, com o ânimo da juventude petista que adotara a iniciativa em seu congresso, foi abraçado com entusiasmo pelo MST, a CUT e toda a militância. A manifestação foi um sucesso.
Debaixo de um forte aparato repressivo composto por 1200 policias militares, dezenas de batalhões de choque da Força Nacional fortemente armados dentro dos ministérios e grades ao redor de todos os prédios públicos, incluindo o Congresso Nacional, a marcha deixou o ginásio Nilson Nelson e percorreu a Esplanada Geral até o Itamaraty. Em seguida caminhou em direção à porta do TSE, tranquilamente, onde teve início um ato político, enquanto dirigentes petistas se dirigiam ao Tribunal para registrar a candidatura de Lula.
“Ficamos de pé, como o povo brasileiro”
Vários oradores tomaram a palavra e destacaram a importância histórica do momento e a necessidade de eleger Lula presidente e enfrentar o golpismo para revogar as medidas do golpe e recuperar direitos sociais.
Foi o que disse, por exemplo, Dilma Rousseff, a mais ovacionada daquela tarde: “Eles achavam que iam nos destruir, achavam que nós não iriamos resistir, mas nós ficamos de pé como o povo brasileiro. Enfrentamos os golpistas porque queremos acabar com o retrocesso dos direitos sociais. Lula Livre e candidato representa a democracia no nosso país”.
Outros falaram no mesmo sentido, como Vagner Freitas, presidente da CUT. Destoou Mariane Dias, da UNE, que se restringiu a defender o direito de Lula ser candidato (sem Lula presidente, já que a UNE decidiu não ter posição no primeiro turno). Gilmar Mauro, do MST também falou sobre a necessidade de eleger Lula e de enfrentar as instituições do golpe. Mas, como os demais oradores, deixou de lado a bandeira da Constituinte.
Coube aos militantes do Dialogo e Ação Petista e da JR do PT sustentar na agitação, com faixas e palavras de ordem a questão, inscrita no programa de governo, com boa recepção entre os presentes.
Fez pouco sucesso a enorme faixa do Partido da Causa Operária “Lula ou nada” indicando de antemão o voto nulo, no caso do impedimento de Lula ser candidato. Prenunciando a derrota, chegaram a ser hostilizados pela militância presente.
Haddad, por outro lado, foi recepcionado com certo distanciamento, mesmo quando lia uma carta de Lula (ver abaixo). Na difícil tarefa de ser porta voz de Lula como candidato a vice, terá que demonstrar pela prática não ser o plano B que, de fato, não é. Para isso precisa continuar a defender o direito da candidatura de Lula ir até o fim, até 7 de outubro, o que os milhares em Brasília e a militância de todo o país, já demonstraram ter disposição de fazer.
Luã Cupolillo