Apresentamos a edição 010 do Jornal O Trabalho, publicado em 26 de setembro de 1978, pela Organização Socialista Internacionalista, que posteriormente, tornaria-se Corrente O Trabalho do PT. A presente edição trata das manobras nacionais entre Arena e MDB e suas reformas que nada reformam dentro do “circo das eleições”. A edição 010 também traz consigo a luta dos metalúrgicos em BH; a vitória dos lavradores em Santa Maria, luta da oposição do sindicato dos bancários em SP, a greve dos 200 mil professores em SP e a luta da chapa 4 na UNE e eleição dos estivadores de Santos. Além de sua seção internacional que trata do massacre na Nicarágua e a luta iraniana contra a monarquia.
Confira abaixo o índice da edição:
Página 1
– Capa
– O circo das eleições. Arena e MDB: unidos de 64. Reformas: nada mudou. Até quando?
– Editorial
“Embora o povo nunca tenha aceito o papel de palhaço, a classe dominante continua enxergando esse país como um grande circo. (…) Ao tomar um pito de sua liderança, porém, os arenistas arrastaram seu grupo de fiéis emedebistas no Congresso e, juntos, todos garantiram aprovação daquelas mudanças que nada mudam.”
Página 2
– BH prossegue luta por 20%
“Os metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem não estão dispostos a ceder em suas reivindicações. Eles exigem dos patrões 20% de aumento acima do índice oficial e piso salarial de 3 mil cruzeiros (…) Todas as decisões e propostas são discutidas e votadas em assembléia geral, e, além disso, os metalúrgicos estão organizando reuniões por fábrica e uma greve tartaruga está em andamento em várias fábricas.”
– Joaquim apoia a greve
“Começa a ganhar pulso a campanha salarial dos metalúrgicos de São Paulo. (…) as assembléias regionais convocadas pela diretoria do sindicato para que Joaquim, o seu presidente, possa colher ‘sugestões’ para a campanha (…) A oposição, por seu lado, defendeu que as assembléias regionais deveriam ser feitas nas regiões e não no sindicato (…) a oposição propôs a criação de uma Comando Geral de Greve a exemplo do que ocorreu com os professores”
– O grito dos lavradores
“Foi convocada para dia 23 de setembro, pelo Sindicato Rural de Santa Maria da Vitória, no sudoeste baiano, uma passeata para lembrar a passagem do primeiro aniversário da morte do advogado Eugênio Leia, barbaramente assassinado pelo pistoleiro Wilson Gusmão, a mando do grileiro Waldeci Lima Rios (o Lico). (…) A reportagem de ‘O Trabalho’ passou uma manhã inteira (dia de feira na cidade) conversando com os posseiros que lá apareceram”
– Vitória na Light: 15%
“(…) Na assembléia do dia 15 de setembro, que lotou o salão do Sindicato com quase 3 mil operários, não faltaram as manobras e o show do pelego. Nem a rígida filtragem montada no portão do salão, exigindo carteira de sócio e dando um número a cada participante, fez com que o ânimo dos trabalhadores diminuísse”
– SP: Oposição prepara ato público
“Os bancários que participaram ativamente na greve da categoria e que se defrontam com uma diretoria pelega e um sindicato atrelado ao Ministério do Trabalho (…) decidiram constituir-se em um movimento de oposição”
– BH: Formada a oposição sindical
“Assim como ocorreu em São Paulo, a campanha salarial foi de fundamental importância para os Bancário de Belo Horizonte. No bojo de sua luta, surgiu uma Oposição Sindical que se propõem a ser um canal de organização e mobilização da categoria”
– Residentes continuam em greve
“Depois de muitos meses de espera e de negociações fortuitas, os residentes do Hospital dos Servidores acabaram adotando a única arma efetiva que dispunham para encaminhar as soluções dos problemas que enfrentam (…)”
Página 3
– A questão não resolvida
“A greve de quase 200 mil professores da rede oficial do ensino do Estado de São Paulo terminou, sem que as principais questões fossem resolvidas. A bem planejada manobra das autoridades, de desviar a luta dos grevistas para o parlamento (…), logrou a conduzir o movimento a um impasse e, finalmente ao refluxo, sem que houvesse qualquer confronto direto entre as forças em jogo”
– Nas mãos dos deputados
“A greve do professorado pode ser dividida em duas fases distintas. O movimento começa, a partir da decisão da assembléia, de maneira irresistível: é criado o Comando de Greve, mais de 10 mil comissões regionais surgem na Grande S. Paulo, cidades do interior (…) aderem à primeira hora. (…) A segunda fase se inicia quando as negociações abrem entre os grevistas e o governo”
– FAU de Mogi: com greve tem vitórias
“A criação de uma entidade livre e independente da burocracia universitária foi o principal saldo da greve de um mês, mantida pelos alunos da FAU”
– Em abril, a UNE
“Passos decisivos para a reconstrução da UNE podem ser dados em 3 de outubro próximo em São Paulo. Esta é a data do IV Encontro Nacional dos Estudantes, quando delegados de muitos estados brasileiros deliberarão sobre questões fundamentais do movimento estudantil”
Páginas 4 e 5
– Sumiram U$ 290 milhões. Desta vez não foi o mordomo
“A corrupção que grassa neste país nos dias de hoje faria corar o Dr. Ademar’. Esta frase, atribuída ao ex-presidente Jânio Quadros por ocasião das denúncias de corrupção envolvendo ministros do governo Geisel nos seus primeiros anos de mandato (época das ‘mordomias’), teve como objetivo caracterizar o velho Ademar como um amador em matéria de gatunagem”
– Brasília: capitão põe general para correr
“Aqueles que defendem a necessidade de apoiar a candidatura Euler Bentes, pressionando-o para que marche ‘mais para a esquerda’ – como autênticos do MDB, algumas tendências estudantis e a Convergência Socialista – surpreenderam-se (…) com a ausência do General ao debate para qual o havia sido convidado pelo DCE-Livre da UnB”
– No malabarismo, a atração é Geraldinho
“Durante mais de três horas ‘O Trabalho’ com Geraldo Siqueira Filho, o Geraldinho, (…) colocando ems eu programa pontos como desmantelamento do aparato repressivo, anisstia ampla e irrestrita, partido dos trabalhadores e até a palavra de ordem ‘governo dos trabalhadores’ (…)”
– Hoje tem espetáculo
“Reformas de Geisel, contra-reformas, fiasco do MDB (…), as denúncias de de corrupção, que mais uma vez, envolvem ministros do regime militar.”
Página 6
– O congresso pelego de 1946
“ O Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo vai promover nos próximos dias (…) um Congresso de seus associados, que terá como objetivo a discussão da atual estrutura sindicalista brasileira, (…). Essa é uma discussão que está colocada para todos os trabalhadores. As greves, a construção de comissões de fábricas, as oposições sindicais, o Comando Geral da greve dos professores, todo esse movimento dos trabalhadores, que demonstra um vigor enorme, vai colocando sempre mais e mais questões: para que servem os atuais sindicatos? Quem os construiu, e com que objetivos? Como avançar para conquistar uma unidade dos trabalhadores, uma Central Única verdadeiramente independente?”
Página 7
– Nicarágua: O massacre
“Durante 15 dias, a dinastia Somoza precisou usar todas as suas forças para não ser derrubado”
– Irã: abaixo a monarquia
“ ‘Nós devemos nos conscientizar de que uma mudança política no Irã provocaria alterações profundas na situação mundial’. A advertência foi lançada pelo Xá Reza Pahlevi alguns dias após a eclosão de violenta rebelião popular na cidade de Machad”
Página 8
– Eleições na estiva
“Pelo menos seis chapas disputarão as eleições para a nova diretoria do Sindicato dos Estivadores de Santos, (…) A variedade de chapas – um número até agora não verificado em nenhuma outra eleição sindical – atende, em primeiro lugar, os objetivos da pelegada corrupta que dominava a entidade sindical há 11 anos (…)”
– A campanha pelos 50¨%
“Os petroleiros da Refinaria de Paulínia, em Campinas, estão em campanha salarial. Eles rejeitam o aumento de 43% fixado pelo governo e estão pedindo 50% de aumento, mais Cr$ 500 acrescidos aos salários de tetos menor”