Apresentamos a edição 013 do Jornal O Trabalho, publicado em 07 de NOVEMBRO de 1978, pela Organização Socialista Internacionalista, que posteriormente, tornaria-se Corrente O Trabalho do PT. A edição trata da luta dos operários e o povo trabalhador por seus direitos; A traição aberta de Joaquim na assembleia; a necessidade do Comando de Greve; as eleições do dia 15 e defesa do voto nulo.
Confira abaixo o índice da edição:
Página 1
– Chamadas:
Traição; Procurado; 15 de Novembro: As eleições vêm ai. E dai?; Em São Paulo foram criados 15 comitês pelo voto nulo. Em mais 9 estados do país, outros 15 surgiram. Até cordel está circulando.
– Editorial
“A greve geral de 350.000 metalúrgicos tornou mais clara a situação política […] desde o inicio havia no interior das Oposições Sindicais enxergando a necessidade do Comando de Greve […] São dois caminhos diferentes: derrubar os generais ou conciliar com eles”.
Página 2
– Em SP, debates pela anistia.
“O aparato jurídico da ditadura sofreu um rude golpe no final do mês passado, quando o juiz federal Marcio José de Morais responsabilizou a União pela prisão ilegal, tortura e morte do jornalista Wladimir Herzog, no dia 25 de outubro de 1975”.
– Pelegos vencem eleições (esvaziadas) do SINPRO
“O peleguismo manteve mais uma entidade sindical: o Sindicato Único dos Professores (Sinpro) que, apesar do nome, congrega apenas uma pequena parcela dos professores da rede particular […] Ao todo, votaram 839 professores, numa categoria (os particulares) que possui mais de 60 mil”.
– Querem acabar com os índios brasileiros.
“Com a realização de um Alto Público, no dia 8 de novembro, no teatro da PUC-SP, vai se fechando o cerco da população contra o Projeto de Emancipação do Índio, uma tentativa explícita do governo através do seu Ministro do Interior, Rangel Reis de retirar as terras dessas centenas de minorias étnicas, entregando-as para as grandes empresas rurais e colocando seus membros, automaticamente, na condição de mão-de-obra barata”.
Página 3
– Cajá ficou perplexo com o MDB. E você?
“Depois de ter ficado 173 dias na prisão, curiosamente, o estudante pernambucano Edval Nunes da Silva, “Cajá”, foi procurado por alguns elementos da cúpula do MDB, os deputados Ulisses Guimarães, Thales Ramalho, Jarbas Vasconcelos e Fernando Lira”.
– “Arena e MDB são pão da mesma massa”.
“ (Perguntas feitas pelo O TRABALHO à Ivonise Maria) Você acha que a Arena ou o MDB representa os trabalhadores brasileiros? […] Como o voto nulo pode expressar a luta pela independência de classe dos trabalhadores? […] Você acha viável a luta imediata por um Partido Operário? […] Então você não se vê nenhuma diferença entre Arena e MDB?”.
– Prestes chama o voto e Chagas Freitas a polícia.
“ […] As tropas de choque dispersaram a manifestação (até então, uma tranquila divulgação de folhetos eleitorais) sob o chamado direito de Chagas Freitas que, apesar de pertencer ao MDB, tudo faz para impedir a vitória do candidato emedebista Nelson Carneiro. Porém, a briga de comadres dessa vez deixou como saldo mais de 20 feridos, além de um MDB abatido pelas indigestões”.
Páginas 4 e 5
– Um Golpe em 350 mil metalúrgicos: quem foi o culpado?
A volta ao trabalho
“ […] É interessante notar que a vontade de fazer a greve não estava abolida, mas, a dispersão era muito grande. Joaquim havia trabalhado como os patrões queriam: havia desconcertado os metalúrgicos”.
– Os comandos de greve geral
“ […] Foi somente ali que ficou claro para os metalúrgicos que que não havia condiçoes de depositar a mínima confiança em joaquim e na estrutura sindical que ele dirigia […] foi defendendo esta posição que logo se destacaram alguns setores da Oposição Sindical, que propunham a formação de Comandos Regionais de Greve”.
– Quem foi o culpado?
“Durante três dias, um fato concentrou as atenções de todo o país: a greve geral que 350 mil metalúrgicos realizavam em São Paulo, Osasco e Guarulhos. Caminhando por explosões, e não dando pequenos passos, a classe operária dava uma das maiores demonstrações de força, de toda a sua história”.
– O amigo de Joaquim.
“Nós, da Oposição Metalúrgica de São Paulo, levamos ao conhecimento público que a posição defendida pelo companheiro Antônio Aparecido Flores, na última assembleia (31/10), de se aceitar a votação secreta, foi uma posição individual assumida à revelia do conjunto de Oposição e dos 30 mil metalúrgicos presentes”.
Página 6
– Greve consegue aumento de 15%
“ […] A greve dos metalúrgicos teve efeito decisivo na combatividade dos gráficos. E a traição à enorme mobilização dos trabalhadores feita por Joaquim Andrade refletiu-se diretamente na categoria, dando força a Maffei para, imitando o mestre, facilitar a aceitação da proposta patronal”.
– Mobilização, a resposta à repressão dos patrões
“ […] A greve foi encarada, nas intervenções de vários operários, não só como instrumento de reinvindicação salarial, mas também como a única forma de conquistar um espaço para a organização independente dos trabalhadores, de garantir sua livre manifestação e, consequentemente, de lutar contra a violência dos patrões”.
– Política, demissões… 7 dias de greve em Betim.
“Depois do ensaio geral da Mannesmann, onde 4.500 operários pararam durante 4 horas e meia a produção, na época do dissídio coletivo de Belo Horizonte, os metalúrgicos de Betim resolveram discutir com os patrões em greve”
Página 7
– A crise do dólar.
“ […] A Bolsa de Valores de Nova Iorque também registrou queda violenta no preço das ações e somente uma ação de emergência do governo Carter, colocando à venda uma grande quantidade de ouro e iniciando a compra no mercado internacional de 30 bilhões de dólares para sustentar a sua cotação é que conseguiu evitar, ou pelo menos adiar, uma catástrofe econômica”.
– Operários constroem sindicatos livres.
“Edmond Baluka, o líder dos grevistas poloneses do Báltico, em 1971, atualmente exilado na França, escreveu artigo exclusivo para O TRABALHO. Ele conta a luta dos operários e estudantes da Polônia pela reconstrução de suas organizações independentes do estado e do Partido Comunista”.
Página 8
– Em Osasco.
“ Escaldados pelas manobras de Joaquim para acabar com a greve em São Paulo, os metalúrgicos de Osasco esperavam que Henos Amorina, presidente de seu sindicato, se servisse de outros métodos para atingir os mesmos resultados”.
– A maior resistência.
“ […] Nas duas assembleias que se seguiram à decisão de continuar a greve e que foram caracterizadas como informática pela direção do sindicato, já se pôde sentir as dificuldades que o movimento grevista teria então pela frente. Na quarta-feira, o presidente Henos Amorina denuncia um boletim da comissão de apoio à greve como panfleto estranho ao sindicato, pedindo em seguida, a saída de trabalhadores não metalúrgicos que ajudavam no movimento”.