Dia 22 de fevereiro, sexta-feira, dezenas de milhares saíram às ruas da capital Argel, onde as manifestações estão interditadas desde 2001, espalhando-se esta semana por várias cidades e diferentes setores populares e jovens. O detonador foi o anúncio da re-candidatura do atual presidente Abdelaziz Bouteflika (81 anos) a um 5o mandato.
Abaixo, publicamos a posição do PT argelino da deputada Luiza Hanoune:
Comunicado do Secretariado do Bureau político do Partido dos Trabalhadores argelino
Depois de discutir os desenvolvimentos políticos em curso, o Secretariado permanente do Birô político (SPBP) do Partido dos Trabalhadores da argelino adotou o seguinte comunicado:
Ontem, 22 de fevereiro de 2019, a juventude e as amplas massas retomaram o direito democrático e constitucional de se manifestar pacificamente. Um direito confiscado pelos governos sucessivos durante décadas, principalmente em Argel, sob pretexto de segurança.
Ontem, foi estabelecido que o sistema ultrapassado e podre não consegue quebrar a resistência da maioria do povo e, portanto, da nação. Trata-se de um processo político de recomposição que inicia uma virada política no país.
Como qualquer processo, não irá parar.
Centenas de milhares de cidadãos expressaram, em nome de milhões de argelinos em nível nacional, em uma jornada histórica, o desejo profundo de mudança, do fim de um sistema que os sufoca há muitos anos.
Eles provaram e demonstraram em unidade, homens e mulheres, sua grande capacidade de auto-organização, impedindo qualquer forma de provocação que pudesse distorcer sua ação histórica e abrir a via ao caos e à interferência estrangeira, porque sabem que a preservação da nação é a condição para qualquer mudança positiva e projeto de futuro. Ao fazê-lo, a juventude e as massas reafirmaram seu comprometimento com a paz e a soberania nacional.
Expressamos nosso orgulho, como argelinos, em face desta capacidade de discernimento da juventude e das amplas massas.
Para o SPBP do PT, não se trata de uma tempestade de verão, mas de uma imensa onda que traduz o profundo desejo de romper com o sistema vigente, a vontade da maioria de exercer sua soberania plena e de acabar com as instituições em total decadência. Instituições ilegítimas e desacreditadas, gangrenadas pela corrupção, despotismo e dinheiro sujo.
As manifestações de 22 de fevereiro mostraram a vontade de acabar com um sistema opressor, a serviço de uma minoria muito rica que organiza o saque de fundos públicos e mergulha a grande maioria do povo em total privação.
Para o SPBT do PT, já existe o antes de 22 de fevereiro e o depois de 22 de fevereiro de 2019. Um processo de recomposição com um conteúdo político, econômico, social e cultural foi iniciado. Uma virada política foi colocada por esse levante popular nacional massivo, com palavras de ordem expressando claramente a vontade de ruptura com um sistema desqualificado.
No que diz respeito à eleição presidencial de 18 de abril próximo, a jornada de 22 de fevereiro expressou o desejo da imensa maioria do povo de exercer sua vontade, de decidir livremente e retomar em suas mãos seu destino. E agora?
Está claro que nada será como antes. A juventude e as amplas massas manifestaram sua determinação em terminar com o “status quo”, a política dos defensores da “continuidade” e, portanto, do sistema. Os defensores da continuidade serão responsáveis por qualquer atitude provocadora que vá contra o profundo desejo de mudança manifestado em todo o país em 22 de fevereiro de 2019.
Argel, 23 de fevereiro de 2019
O SPBP do PT