O povo de Madrid diz: “Fora Ayuso, seu governo e seu plano! Testagem e condições sanitárias!”

Na sexta-feira dia, 18 de setembro, a presidenta da Comunidade de Madrid, Díaz Ayuso (Partido Popular, de direita – NdOT), deu a conhecer seu “plano”, um conjunto de medidas que não combatem realmente o vírus mas atacam o povo trabalhador. Nesse mesmo dia, uma manifestação na Porta do Sol (centro) dizia “Fora Ayuso”.

No domingo, dia 20, houve assembleias e mais de 15 manifestações nos bairros populares e cidades operárias da região de Madrid, contra Ayuso e seu plano, nas quais se gritava: “Mais saúde, não à segregação!”, “Somos operários, não prisioneiros”, “Menos bandeiras e mais enfermeiras”, “Não é confinamento, é segregação”, “Mais trabalhadores da saúde, menos polícia”.

Assim, numerosos bairros populares de Madrid se levantaram, sem obedecer à diretriz de nenhum partido, para defender sua sobrevivência e sua dignidade.

Os insultos antioperários de Ayuso foram a gota d’água. Foram seis meses sofrendo a pandemia sem defesas suficientes no trabalho, em casa, no transporte, e nem apoio nos centros de saúde (inclusive fechados ou sem atendimento telefônico), contando somente com o heroísmo dos trabalhadores da saúde e outros trabalhadores do serviço público. Os aposentados e pensionistas morreram no abandono. Após seis meses de “Ertes” (sigla para um tipo de processo judicial que permite desregulamentação generalizada nas empresas em risco de falência – NdOT), agora se acrescenta um início de “retomada”, mas sem garantias sanitárias, nem pedagógicas nas escolas, ou trabalhistas em geral.

E aparecem Ayuso e seu conselheiro de Saúde, Ruiz Escudero, que nesses seis meses não quiseram encontrar os testes indispensáveis para rastrear o Covid 19, não quiseram ampliar os recursos da Saúde, mas presentearam a seus amigos no serviço central de testes.

Ayuso e Ruiz mandam uma equipe constatar que num bairro operário há vírus. Daí. Ayuso anuncia às televisões que a culpa da segunda onda de Covid é dos imigrantes e dos operários, e aí vem o castigo: 855.000 moradores são apontados como culpados, são confinados, se fecham até os parques, mas eles tem que sair para ir trabalhar! Mas para 75% dos contágios no resto de Madrid, tudo continuará como antes. Em toda a região de Madrid, faltam recursos para combater a pandemia.

Quando Ayuso explica esse plano, o povo de Madrid exclama: “Ela não falou de Testagem! Não falou em mais médicos!”. No entanto, os que enriquecem com a pandemia se sentem apoiados pelo governo que coloca a culpa nos operários que vão explorar ainda mais “para sair da pandemia”.

Caberia acrescentar que, independente de Ayuso, os lares operários não vêem melhores perspectivas com o governo central (Pedro Sanchez, primeiro-ministro, com PSOE, Izquierda Unida-Podemos etc. – NdOT). Somente se o governo revogasse a reforma trabalhista – como se comprometeram todos os partidos que o integram na eleição – melhorariam os salários, e as condições de trabalho seriam menos contagiosas. Somente se revogassem a Lei da Mordaça – também um compromisso de todos – o povo trabalhador não se sentiria ameaçado. Se houvesse um verdadeiro Orçamento para a saúde, para o ensino e o transporte, a população viveria mais protegida, haveria mais trabalho. Mas ele não o faz.

Agora, os bairros operários de Madrid não estão dispostos a aguentar mais. E o olhar dos trabalhadores de toda a Espanha esteve posto nas manifestações dos bairros de Madrid.

Porque em todas as localidades os trabalhadores se debatem com os mesmos problemas.
No dia seguinte, segunda-feira dia 21, Sánchez (primeiro-ministro) apoiou o governo da Comunidade de Madrid, e Ayuso (PP) conseguiu sua meta: o governo central vai enviar a Madrid, em seu socorro, guardas civis e polícia. Não resolvem, mas tranquilizam as zonas “residenciais”, e os trabalhadores dos bairros populares não têm o que fazer. Diante de Sánchez, na coletiva de imprensa, Ayuso atacou os professores e trabalhadores da saúde, que preparam greves por um serviço melhor. O apoio a Ayuso não são apenas os militares, mas o respaldo político do governo nacional.

As reivindicações dos trabalhadores de Madrid são testes, rastreadores e profissionais de saúde. Trabalho e escolas em condições. Liberdade e direitos para se defenderem. Os trabalhadores têm direito a exigi-lo, porque são eles que sustentaram o funcionamento do país nestes meses em que todos os governantes estavam paralisados e os empresários guardavam dinheiro nos paraísos fiscais.

Os trabalhadores e o povo já pagaram muito caro pela cumplicidade das organizações dos trabalhadores com o governo regional do PP, Ciudadanos e Vox. O povo trabalhador não pode aceitar que nossas exigências se convertam em enfeites de um “Plano Ayuso”, que é a continuação da destruição da saúde, do ensino e dos serviços públicos.

Os bairros populares de Madrid irromperam, no mesmo momento em que se organizaram greves no ensino e na saúde, e manifestações pelo emprego, como na Airbus ou na Alcoa nas regiões da Galícia e de Astúrias, e quando os aposentados continuam nas ruas já fazem dois anos.

Na quinta-feira, diante dos centros de saúde, e nas ações e assembleias, é preciso reafirmar as exigências das manifestações dos bairros de domingo passado: Fora Ayuso! Testagem já! Servidores e serviços sanitários já! Há motivos e força para mobilizações maiores. Em defesa dessas reivindicações é possível e necessário forjar a unidade.
Têm razão: Fora Ayuso e todo seu governo! Abaixo o governo de PP, Ciudadanos e Vox! De imediato, é indispensável adquirir testes eficientes, e todos os recursos necessários para a saúde, para o ensino, para o transporte. Chega de multas. Defesa do emprego e dos salários dignos, defesa das condições de vida nos bairros, e de todos e cada um dos direitos sociais.

Redação de Informaciones Obreras, Madrid, 22 de setembro

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