Novas manifestações no Peru

Após Terceira Tomada de Lima, ruas são ocupadas nas “festas pátrias”

Em meio às “festas pátrias”, como são chamadas as comemorações pela independência do Peru, de 27 a 29 de julho, ocorreram novas manifestações contra o governo usurpador da presidente Dina Boluarte. Os atos foram convocados pela Comando Nacional Unitário de Luta.

No dia 19, uma grande mobilização geral já havia empolgado o povo peruano. Em 20 das 26 regiões do país, foram organizadas manifestações, enquanto um ato nacional na capital, Lima, reuniu 100 mil pessoas, na chamada Terceira Tomada de Lima. Saíram às ruas naquele dia meio milhão de peruanos, algo inédito desde dezembro de 2022, quando o presidente Pedro Castillo foi destituído e preso.

O caráter nacional da mobilização mostrou a unidade dos trabalhadores do Peru e dos diferentes povos que o compõem. O próprio governo usurpador, consciente disso, não se atreveu a provocar um massacre, como nas mobilizações anteriores, embora tenha reprimido os atos, o que deixou várias pessoas feridas.

Comando Unitário
Essas mobilizações são fruto de uma atividade organizada, que deu um salto com a criação do Comando Nacional Unitário de Luta, em 1º e 2 de julho, numa assembleia de 800 delegados das organizações operárias e populares peruanas. Fazem parte do organismo, no âmbito sindical, a Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), a CUT e as federações da construção civil e da educação. Estão também a Assembleia dos Povos, as diferentes frentes regionais e a confederação de ronderos (milícia de autodefesa rural).

Na assembleia que formou o Comando, definiu-se sua plataforma de lutas, que abrange a exigência de renúncia de Boluarte, a libertação dos presos, a dissolução do Congresso, o fim das privatizações, a retirada das tropas estadunidenses e a convocação de uma Assembleia Constituinte com poderes.

Numa coletiva de imprensa após a mobilização do dia 19, o dirigente da CGTP Erwin Salazar ressaltou o caráter histórico daquela jornada gigantesca, que se realizou em todo o Peru. E reiterou o alcance do movimento, ao dizer: “Não pode haver democracia com fome. Não pode haver democracia com balas que causam 70 mortes. Não pode haver democracia com privatizações”.

O Comando convocou nova assembleia nacional para 19 e 20 de agosto, em Lima. O objetivo é coordenar de forma nacional todas as resistências e combater a campanha do governo e de meios de comunicação, que chamam os manifestantes de terroristas.

Dina Boluarte tem o apoio da oligarquia local, do imperialismo e das multinacionais que querem aprofundar o saque do país, em particular de suas riquezas naturais, como o lítio. A luta pela soberania do Peru é inseparável da exigência de nacionalização de todos os recursos minerais, energéticos e hidráulicos, e interessa aos povos da América Latina e do mundo.

Correspondente

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