A crise da Covid-19 entre os trabalhadores da indústria do Petróleo no Brasil

Com a crise da Covid-19, em 17/3 a Petrobras ampliou o regime de teletrabalho, reduzindo a atuação presencial administrativa – inclusive em unidades operacionais – ao mínimo possível. Desde o primeiro registro de Covid-19 na Petrobras, em 18/3, os casos têm aumentado, sobretudo em áreas de produção em terra e plataformas.

Em 20/4 vinte e seis empregados da Petrobrás na província de Urucu – AM foram isolados com suspeita de Covid-19, em Manaus. Outros cinco foram testados positivos, sendo um deles internado em estado grave.

O Sindipetro Norte-Fluminense (FUP/CUT), relatou aumento de casos de Covid-19 a partir da segunda quinzena de abril/20 em sete plataformas da Petrobras, sendo que a P-26 apresenta maior incidência – 13 pessoas com sintomas.

Segundo denúncias, são testados apenas trabalhadores com quadro de Covid-19. Os demais, que podem ser assintomáticos, não são testados. Ha relatos de pessoas que trabalharam ao lado de testados positivos, e essas pessoas não foram testadas para retornarem para suas casas. O Sindipetro-NF solicitou desde março a testagem de todos trabalhadores. A Petrobrás alega não dispor de testes, mas informou em 23/3 a doação de 600 mil testes ao SUS. O sindicato não é contra a doação para a população brasileira, o que não se aceita é a negligência com a vida dos trabalhadores e dos seus familiares, pois a convivência com assintomáticos multiplica os portadores e põe em risco familiares e todos do seu convívio.

Em 24/4 a ANP informou que subiu para 186 os casos de Covid-19 em plataformas, alta de 150% em relação a 16/4. O setor petróleo soma 382 casos, contra 132 em 18/4. Os casos suspeitos atingiram 1.201 casos em 22/4 contra 1.073 em 16/4.

Os sindicatos relatam dificuldade de acesso a informações, como números de contaminados ou com sintomas. A FUP tem cobrado ainda ações para segurança dos efetivos próprios e terceirizados nas unidades e estrutura para os que estão em teletrabalho. Há denúncias de falta de EPIs como mascaras, luvas e distanciamento dos postos de trabalhos, a fim de prevenir a contaminação.

A Petrobrás impôs um plano de resiliência que reduz a jornada e salários dos empregados administrativos em 25%, descumprindo o ACT, barrada por liminar, e insiste em impor soluções sem ouvir ou negociar com representantes dos trabalhadores, prejudica lactantes e grávidas e reduz salários de afastados por doença. Na realidade o atual governo e sua gestão na empresa, se utilizam da Covid-19 para acelerar o desmonte e entrega da Petrobrás à iniciativa privada, um grande contrassenso, quando bancos, empresas de aviação, dentre outros, pedem socorro ao Estado em função da crise. Aos petroleiros só resta conclamar o povo brasileiro a lutarmos juntos para preservar esse grande instrumento do desenvolvimento nacional.

João Gilberto, Diretor do Sindipetro Caxias e Francisco Gonçalves, Delegado da AEPET São Paulo

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