Esta é a edição n° 2 do Jornal O Trabalho. Lançada em 15 de junho de 1978, impulsionado pela então Organização Socialista Internacionalista (mais tarde corrente O Trabalho do PT). A edição destaca na capa o início do recuo do arrocho com aumentos salariais, resultado da greve dos mais de 80 mil trabalhadores em São Paulo, Grande ABC e em Osasco.

📰 Confira a edição na íntegra

Confira abaixo o índice da edição:

Página 1

– Editorial: Vitória dos trabalhadores! Aumentos de 5, 10 ou até 15% nos salários em 58 fábricas, mas não ainda os 20% exigidos pelos trabalhadores. Lei de greve começa a vir abaixo. Comissões de fábricas são criadas em algumas empresas.

Página 2

– Sul, a maior assembleia
Metalúrgicos de Porto Alegre retomaram a luta contra a repressão e o arrocho, reunindo mais de 10 mil operários em Assembleia Geral. Os patrões ganharam a primeira batalha tendo sido aprovado aumento de 42% (categoria queria 50%).

– Sai o acordo, há protestos
Acordo entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e o sindicato dos patrões resulta em aumento de 11% em 65% das empresas automobilísticas. Trabalhadores saem prejudicados em empresas como a Ford, onde já haviam conquistado aumento de 15%.

– Oposição apoia greves
Oposição critica a omissão da diretoria do sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil em São Paulo, Osasco e ABC e chama a luta pelo aumento geral de 20%: UNIDADE DE TODAS AS CATEGORIAS NA LUTA DOS 20% DE AUMENTO IMEDIATO.

– A seleção da mordomia
Para participar da Copa do Mundo, a CBD, com a ajuda do governo, cometeu mais um grande roubo nacional: 70 milhões de cruzeiros em viagens, salários, prêmios, etc.

– Volks proíbe “O Trabalho”
No último sábado os guardas de segurança da Volkswagem impediram que três vendedores credenciados de “O TRABALHO” divulgassem nosso jornal na porta da fábrica. Eles estiveram sob a mira de revólveres, foram interrogados e depois dispensados sob ameaças.

– A sucessão já parece carnaval
A convenção da ARENA escolheu Paulo Salim Maluf – e não Laudo Natel, o candidato oficial de Geisel e Figueiredo – para governar São Paulo. A crise que corrói o regime militar instaurado no país há 14 anos impede que o presidente controle seu próprio partido político.

– Tortura, passeata e greves
Cerca de 12.000 estudantes da Universidade Federal de Pernambuco fizeram greve entre os dias 15 e 22 de maio pela “libertação de Caja” – sequestrado pelo regime – e em defesa de sua integridade física.

– USP: eleições para o DCE
Sete chapas diferentes disputam a eleição da nova diretoria do DCE Livre fundado há dois anos na USP.

– Expediente
“Editores: Paulo Moreira Leite, Edmundo Machado, Sandra Carvalho, Arthur Pereira Filho e Celso Marcondes (…)”

Página 3

– Como os trabalhadores rurais criaram sindicatos livres
Antes ou depois de abril de 1964, trabalhadores rurais mostraram diversas vezes a necessidade profunda que têm de construir livremente suas entidades. Parte dessa experiência é contada no artigo que publicamos, escrito por Manoel da Conceição.

– Nem imposto sindical a gente cobrava
A atual estrutura sindical (CLT) tem que ser destruída e substituída por uma nova que não seja burocrática nem anexada ao Estado. Isso será feito pelos próprios trabalhadores, a exemplo do que fizeram em Pindaré Mirim.

– Quem é Manoel
Manoel da Conceição, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Pindaré Mirim está exilado na Europa, devido às sérias ameaças à segurança física que sofreu. Hoje faz parte do Comitê de Solidariedade da Suíça, procurando o apoio do movimento operário internacional à defesa dos trabalhadores brasileiros.

– Prefeito manda na assembleia do pelego
Como um pelego funda seu sindicato? Declara que este foi criado para dar assistência aos trabalhadores em colaboração com as autoridades municipais. O imposto sindical é descontado pelo patrão do salário do trabalhador. A assistência prometida nunca chega.

Páginas 4 e 5

– Em SP, hora da oposição
Pela formação de comissões de operários nas fábricas! Pelo direito de greve! Contra o arrocho salarial! Por melhores condições de trabalho! Pela liberdade sindical!
A formação de comissões operárias está no centro da campanha da chapa 3 – Oposição Sindical – que concorre às eleições para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. É o que afirmaram os membros da chapa em mesa-redonda com a nossa redação:

  1. “As greves do ABC colocam em xeque todo esse sindicalismo que existe hoje, mostram o amadurecimento dos operários. A greve é a arma do trabalhador”.
  2. “A Comissão de Fábrica pode dirigir as lutas dentro das fábricas, orientar os companheiros na fábrica, conseguir uma representatividade importante”.
  3. A luta contra o Joaquim. “Ele nunca teve ligação com o movimento operário. Surgiu como interventor do golpe de 64”.
  4. Liberdade Política. “A independência política exige um nível de consciência mais avançado por parte da classe operária, pois toca diretamente a estrutura de poder existente”.
  5. A Plataforma da Chapa 3. “Propomos um jornal sindical mensal; Retomar a sindicalização nas portas das fábricas; Criar sub-sedes, fazer assembleia por fábrica, por setor; Murais de sindicatos, cursos de especialização e as mobilizações constantes são outras questões levantadas”.

– Contra a estrutura sindical. Metalúrgicos: é hora de oposição. Por um sindicato representativo, independente e reivindicativo. Reposição é com Oposição!
Aproximam-se as eleições para o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem. O TRABALHO entrevistou alguns membros da chapa dois sobre seu programa.
“O papel da oposição é lutar pelo direito de greve, pela demolição da estrutura sindical que impede um dirigente sindical – como o Lula em São Paulo – de ter um papel. Estamos numa estrutura arcaica, feita com o intuito de cercear a luta do trabalhador. (…) A classe operária não ganhará nada, tudo tem que ser conquistado por ela, como foi com o direito de greve e de negociação direta. Sempre que o sindicato se afasta dos interesses da classe, ela passa à margem ou por cima dele. (…) O sindicato deve ser a forma como os próprios trabalhadores se organizam para reivindicar. Ele deve estimular a organização de comissões de fábrica e favorecer a organização pela base”.

Página 6

– A oposição sindical nos Estados Unidos
Os trabalhadores americanos acumulam forças e começam a esboçar uma resposta à questão decisiva para a independência de classe: o controle dos trabalhadores sobre suas próprias organizações, o repúdio à burocracia corrompida e vendida ao capital financeiro.
Ed Sadlowsky, líder do movimento que desafiou os burocratas do sindicato dos metalúrgicos, falou sobre seu programa nas eleições e 77 e perspectivas para a movimento operário norte-americano: “Eu não acredito que qualquer organização que se pretenda ser representante dos operários tenha o direito de renunciar ao direito mais fundamental do trabalhador, o direito de greve. A única arma que eu possuo é o direito de recusar a trabalhar. (…) Eu acredito na necessidade de construir um partido operário. (…) Nós precisamos ter laços internacionais sólidos com os trabalhadores do mundo inteiro”.

Página 7

– Revolta dos trabalhadores em todo o mundo. Era 1968
A rebelião que explodiu em 1968 tomou conta das ruas, universidades e fábricas da França, Itália, Tchecoslováquia, Polônia, Iugoslávia, incendiando também vários países da América Latina. As mobilizações expressaram a profunda crise do capitalismo e dos regimes burocráticos da URSS e Europa do Leste.

– Na Europa do Leste, ataques à burocracia
Em resposta à URSS que acusou os trabalhadores em luta de contra-revolucionários: “Não colocamos o socialismo em perigo. Ao contrário. Nós colocamos em perigo a burocracia que está lenta, mas seguramente enterrando o socialismo em escala internacional”.

– A luta sai das escolas e ganha as fábricas
A insatisfação estudantil em 68 era um sinal claro da incapacidade dos regimes capitalistas em responder aos mínimos anseios de liberdade e vida digna para todos. Essa insatisfação se alastrou rapidamente, saindo das universidades para encontrar a vanguarda da classe operária.

Página 8

– Dez anos depois, a greve em Osasco
Os trabalhadores da Brown Boveri foram entusiasmados pelas greves nas outras fábricas – “a Scania parou, e nós?” – então deram início à sua paralisação por aumento de 20% e a readmissão de 5 candidatos da chapa de Oposição, despedidos após as eleições.

– Operários da Toshiba: “Ilegal é salário baixo”
Depois de uma semana de greve, os operários da Toshiba de São Paulo conseguiram dobrar os patrões e fazer valer sua proposta: a empresa concordou em conceder um aumento de 5% e não descontar os 10% da antecipação salarial, resultando, ao final, num aumento de 15%.

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