De acordo com o Myanmar News Now (4 de abril), “Sete policiais capturados por manifestantes antigolpe na cidade de Kalay, na região de Sagaing, foram libertados na sexta-feira em troca de nove civis detidos, segundo relatos de manifestantes locais (…). A troca de detidos entre um grupo de resistência ao golpe de Estado e as forças do regime é a primeira relatada desde que os militares de Mianmar tomaram o poder em 1º de fevereiro”.
Enquanto isso, conforme relatado pela Reuters (4 de abril), “Vários milhares de pessoas marcharam na segunda maior cidade de Mianmar, Mandalay, e outras cidades no Norte e no Sul. Uma enorme multidão, incluindo muitas mulheres com chapéus de palha, passou pela cidade central de Taze gritando palavras de ordem, como mostraram as imagens do DVB TV News”.
![Quatro policiais detidos por manifestantes são fotografados no local dos manifestantes de Tarhan na estrada Bogyoke para Kalay (publicado por Myanmar News Now, 4 de abril)](https://otrabalho.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Mianmmar-2.jpg)
Também merece atenção o fato de que, de acordo com o site birmanês na Tailândia, Irrawaddy (4 de abril), “A equipe de coordenação do processo de paz (PPST) das dez organizações étnicas armadas, que se reuniu por videoconferência em 3 de abril, deu seu apoio inabalável aos funcionários em greve de Mianmar, à Carta Federal da Democracia do governo derrubado pelo golpe militar e à abolição da constituição de 2008 redigida pelo Exército (…)”.
O PPST “também exigiu do órgão dirigente do regime, o Conselho de Administração do Estado, o fim das execuções e detenções arbitrárias e a libertação de todos os dirigentes detidos. Até domingo, um total de pelo menos 557 pessoas, incluindo crianças e transeuntes, foram mortas desde o golpe por soldados e policiais em Mianmar (…). Na semana passada, as forças armadas lançaram ataques aéreos contra civis no distrito de Papun, no estado de Karen, que está sob o controle da União Nacional Karen (KNU), membro do PPST, deslocando mais de 12 mil civis, muitos deles procurando refúgio na Tailândia”.
No entanto, “Com o apoio do PPST, surgiram temores de que novos conflitos armados possam eclodir em outros lugares. Mianmar viu mais de sete décadas de guerra civil entre os militares e vários exércitos étnicos. O PPST declarou em fevereiro que não manteria negociações políticas com o regime enquanto o governo civil estivesse detido (…). O porta-voz do PPST, Dr. Salai Lian Hmong Sakhong, disse: ‘A questão de saber se os confrontos vão estourar depende da resposta do Conselho Administrativo do Estado do regime. De nossa parte, não queremos a guerra, e sim a paz. Com suas ações, o Conselho está zombando de nosso processo de paz’.”
Nessas condições, o levante popular contra o golpe militar de 1º de fevereiro não enfraqueceu, apesar da repressão.
Albert Tarp
Publicado no jornal francês Informations Ouvrières
Tradução Adaias Muniz
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