2ª Plenária Nacional do Diálogo e Ação Petista fortalece a luta: fora Bolsonaro e seus generais

Participantes marcam o próximo ponto de encontro. Nas ruas, em 24 de julho, nas colunas do DAP

A 2ª Plenária Nacional do Diálogo e Ação Petista, realizada no último 10 de julho, contou com a presença de 690 militantes na sala virtual, mais 85 que assistiram pelo facebook. Foram 22 estados presentes. Todos empenhados na luta e em “agir como o PT agia”, o que foi ressaltado pela companheira Misa Boito na abertura. Os números expressam bem o crescimento do DAP, a importância de sua atuação na conjuntura e a responsabilidade que aumenta.

Abaixo, reproduzindo o conteúdo publicado na página do Diálogo e Ação Petista, no Jornal O Trabalho, está um resumo das intervenções dos dirigentes do DAP, dos convidados e do plenário, bem como um chamado a reforçar a participação do DAP nas manifestações do próximo dia 24 de julho.

Ao final das intervenções, o companheiro Luiz Eduardo Greenhalgh apresentou uma síntese, e foi aprovada a divulgação e uma Declaração da Plenária, cujos trechos principais publicamos ao final.

A plenária foi aberta com uma mesa que trouxe à discussão a resistência e a luta dos povos. Júlio Turra, do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio-CILI, apresentou dois convidados: o companheiro Reda Soueid, militante da causa árabe-palestina, e Erwin Salazar, do Peru, também integrante do CILI.

Soueid afirmou que o levante de maio em toda a Palestina, inclusive dentro do Estado de Israel criado em 1948, “é um marco histórico”. Disse que cresce em vários países árabes a resistência contra o imperialismo, o sionismo e mesmo os governos árabes que apoiam Israel.

Erwin Salazar mostrou o cenário em que se deu a vitória eleitoral de Pedro Castillo: “Os governos dos últimos 40 anos, todos submetidos ao FMI e ao imperialismo, destruíram o país, os direitos, os serviços públicos”. Disse que os levantes contra essa situação começaram em novembro de 2020: “Houve mais de 200 mobilizações, agrárias, sindicais, de juventude”. Contou que no segundo turno a direita se unificou em torno da candidatura de Keiko Fujimori, e agora não quer reconhecer o resultado eleitoral: “Mas o povo está mobilizado para garantir a posse de Castillo em 28 de julho. Os manifestantes gritam ‘posse + Constituinte’ para romper com o imperialismo e fazer as reformas de que o povo necessita, dar voz ao povo”. Concluiu ressaltando a importância de fortalecer os laços internacionais da luta dos povos e o próprio CILI: “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”.

“É preciso dialogar e agir”, diz Genoíno

Na segunda mesa, apresentado por Luiz Eduardo Greenhalgh, o ex-presidente nacional do PT José Genoíno Neto referiu-se ao golpe de 2016 (cassação do mandato de Dilma), à prisão de Lula e à fraude eleitoral de 2018: “Este é o governo que a burguesia escolheu, a serviço do imperialismo, para destruir direitos e serviços públicos. Bolsonaro concentra o que é a burguesia brasileira, sua natureza”.

Porém, “este governo também é de crise. Lula recuperou seus direitos políticos e voltam as manifestações de rua, desde o 1º de Maio. Saímos da defensiva”. Genoíno destacou que a luta é pelo fim deste governo e que é importante fazer essa discussão no PT. Ele insistiu que, além das medidas de emergência, temos de apontar reformas estruturais: tributação dos ricos, questão da autonomia do Banco Central, fim da PEC 95, revogar as privatizações e enfrentamento do imperialismo. Mas é necessário buscar apoio popular para essas reformas. Ele afirmou que, com esse programa, não pode haver frente ampla com o Centrão e que não podemos esperar deste Congresso que realize essas reformas.

Genoíno lembrou que Biden é o imperialismo e mencionou a visita de representante CIA ao Brasil. Disse que a “boiada” continua a passar no Congresso, junto com medidas antidemocráticas, “a exemplo da Lei Antiterror, que lamentavelmente começou no nosso governo”. “Este governo precisa ser derrubado e novas instituições devem ser criadas”, concluiu.

Sokol: “golpear juntos, marchar separados”

Após a fala de Genoíno, Greenhalgh passou a palavra a Sokol, membro do Comitê Nacional do DAP e da executiva Nacional do PT. Em sua intervenção Sokol destacou a questão militar. “ “O que escancara o último episódio da CPI que Genoíno fez menção, e vários levantamos, Genoíno inclusive, nos debates do PT: a tutela militar sobre a República”. Falando da crise, e de sterores que apoiaram Bolsonaro, agora se descolam, ressaltou: “Haverá dissidências? Sim, há e haverá cada vez mais. As trataremos com um princípio da Internacional Comunista à época do Lenin vivo, o princípio da Frente Única: ‘golpear juntos e marchar separados.” Enfatizando a necessidade de reforçar a luta, retomou a questão da Constituinte. “E teremos um amadurecimento. Se teremos uma greve geral antes, ou um processo constituinte, ou se os dois vão culminar da desestabilização final do governo, a história dirá, e nossa iniciativa vai contar”.

Markus Sokol na plenária

A palavra ao plenário

Militantes do DAP e convidados ressaltam disposição de luta

As intervenções do plenário, por parte de militantes do DAP e convidados, formaram um rico painel da luta de classes neste momento que o país atravessa. Os militantes trouxeram suas experiências de luta e sua compreensão de que com este governo não dá. É preciso abrir uma saída política por fora e contra essas instituições.

O deputado federal do PT -SP Vicentinho, falou da luta contra as privatizações e contra o governo genocida. Depois de elogiar a plenária, garantiu que repercutirá as posições do DAP no Congresso.


Aline, dos movimentos de moradia de Vitória da Conquista (BA), contou que nas panfletagens feitas pelo DAP nas portas de fábrica, comunidades, e nas ruas, “estamos chamando o povo a derrubar este governo”.

Emerson Andrade, do SindEletro de Minas Gerais, disse que o deputado Betão, do DAP, tem contribuído muito na luta contra a privatização da Eletrobras. Acrescentou haver indícios de que a crise hídrica está sendo produzida artificialmente para elevar as tarifas.

O vereador Renato Freitas, de Curitiba, falou dos ataques que vem sofrendo por parte da bancada bolsonarista e da ação policial que promove o genocídio do povo negro.

Um apelo a que todos se engajem na luta contra a privatização dos Correios foi feito por André Neri, do sindicato da categoria na Bahia. “Privatizar os Correios é ferir a soberania nacional”, afirmou.

Leda Vasconcelos, de Fortaleza, salientou a necessidade de fortalecer os grupos de base do DAP, pois “são eles que têm garantido a intervenção organizada nos atos fora Bolsonaro, a despeito da ausência organizada do PT”.
Madalena Torres, de Ceilândia-DF, deu o tom: “para tirarmos o país dessa desgraça (falta de vacinas, empregos; miséria), é preciso continuar a organizar a luta nas ruas pelo fora Bolsonaro e seus generais”.

Domingos Sávio, de Cuiabá, discorreu sobre a devastação do Pantanal e da Amazônia, por parte dos latifundiários e do governo Bolsonaro. Disse que é importante defender os órgãos públicos como o Ibama.

Os 13 anos do DAP (no início, Diálogo Petista) foram lembrados pelo ex-vereador Lino Peres, de Florianópolis, “para cumprir as lutas que o PT foi abandonando e as pautas internacionais”.

Sobre a campanha de arrecadação de alimentos do PT, Adilson Souza, do DM da Brasilândia, em São Paulo, foi taxativo: “O papel do PT não é fazer caridade, mas lutar para exigir do governo auxílio emergencial e outras reivindicações”. Depois de afirmar que não podemos ficar presos ao impeachment e às eleições, ele concluiu: “Só há uma saída: Fora Bolsonaro, Constituinte!”.
“É deprimente”, afirmou Luiz Henrique Becker, de Portão-RS, sobre os professores da rede estadual estarem há sete anos com os salários congelados e recebendo cestas básicas para sobreviver.

A vereadora Cida Oliveira, de Juiz de Fora-MG, afirmou que o povo, passando fome, não pode esperar até 2022.

Em Volta Redonda-RJ, um projeto de lei de testagem em massa, de iniciativa do DAP, foi aprovado pela Câmara mas barrado pelo prefeito. Natália Lopes relatou também os atos contra o massacre de Jacarezinho.

A crise das universidades públicas, com profundos cortes em seus orçamentos, foi o tema da fala de Fábio Venturini, da Adunifesp (São Paulo). Ele pediu um amplo debate sobre a questão, proposta que a mesa da Plenária encampou.

Ozirene, de Quixadá-CE, contou sobre a organização do DAP no Vale do Jaguaribe Sertão Central, e de como isso teve um papel importante na realização das manifestações. Já estão preparando o 24 de julho.

A luta contra as privatizações, particularmente dos bancos públicos, foi o assunto da bancária Suzi Rodrigues, de Recife. Ela disse que o DAP ajuda neste debate. Terminou sua fala lembrando o histórico companheiro Edmilson Menezes, que nos deixou há alguns meses.

Maíra Gentil, da executiva estadual do PT-Bahia, criticou as medidas do governador Rui Costa (reforma a Previdência, privatização da Embasa), e disse que o DAP luta contra e faz esse debate no interior do PT.

A luta pela moradia foi abordada por Jairo Pereira, de Contagem-MG, diante da disparada dos aluguéis e grande aumento o número de desabrigados. Disse ser necessária uma profunda reforma urbana e agrária.

Reforçar as colunas no 24 de julho

A Declaração da 2ª Plenária Nacional ressalta a prioridade de alavancar luta acabar com o governo genocida. A próxima etapa já está marcada: dia 24 de julho.
Abaixo, trechos da Declaração das 2ª Plenária Nacional (leia a íntegra no site do DAP, www.petista.org.br)

“Companheiras e companheiros,
(…) Foram 690 presentes na sala e 85 acompanhando pelo facebook. Assim, 775 petistas contribuíram para dar força à plenária para o DAP seguir adiante!

Essa presença na nossa Plenária reflete, sem dúvida, o momento da situação política no Brasil, marcada pelas grandes e seguidas manifestações de rua em todo o país desde o 29 de maio, expressando a vontade popular de livrar-se, agora e já, do governo genocida e a serviço dos grandes capitalistas, sentimento que o DAP traduz na palavra de ordem ’Ninguém aguenta mais! Fora Bolsonaro e seus generais!‘.

(…) A Covid-19 acelerou e deixou a nu o papel nefasto dos governos que protegem o capital e atacam as conquistas e direitos dos trabalhadores e povos. O DAP, que é membro do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio (CILI), faz suas as palavras do convidado peruano à sua plenária, ’a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores‘, no Brasil e no mundo.

(…) Para o DAP só o povo liberta o povo e por isso as mobilizações não devem parar. Ao contrário, devem se somar a outras ações do povo trabalhador, como paralisações, e abrir a via para uma greve geral, até que o governo genocida de mais de 530 mil brasileiros seja expulso do Palácio do Planalto.

A saída política virá da mobilização popular. Não temos ilusões que a maioria do atual Congresso – sob o comando de Lira e Pacheco – que sustenta o governo, sob tutela militar, votará o impeachment de Bolsonaro. (…) Não há nada mais urgente para deter a destruição da nação do que derrubar o governo Bolsonaro! Não podemos esperar as eleições de outubro de 2022, pois esse tempo, além de mais mortes e destruição, será também usado pelo genocida para tentar realizar o golpe com que sempre sonhou.

A Plenária do DAP reforçou a perspectiva da Constituinte Soberana, diante do apodrecimento das atuais instituições (…) o momento exige a prioridade total da luta nas ruas para pôr um fim neste governo!

Este é nosso compromisso e para isso vamos reforçar as colunas do DAP em todo o país, nas mobilizações de 24 de julho. Todos e todas às ruas, vamos reforçar a luta, porque ’ninguém aguenta mais, Fora Bolsonaro e seus generais!”

10 de julho de 2021
Diálogo e Ação Petista“

Rol de Acusações ao Capitalismo

O DAP atendeu ao chamado do Comitê Internacional de Ligação e Intercâmbio-CILI, ao qual o DAP é aderente, para fazer um “Rol de Acusações ao Capitalismo”, como se expressa em cada país. Duas contribuições já foram feitas, sobre o Brasil.

Suzi Rodrigues, que falou na Plenária Nacional, apresentou um texto que fala sobre a importância dos bancos públicos e a política do governo Bolsonaro de privatizá-los.

O ex-deputado federal Fernando Ferro, também de Pernambuco, elaborou um documento sobre a importância estratégica do sistema elétrico estatal brasileiro e a política do capital financeiro de privatização.

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