“America is back”

“America is back” (“A América está de volta”). Essa é a palavra de ordem lançada por Joe Biden antes de sua viagem à Europa para as cúpulas do G7 e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ele disse: “Nestes tempos de incerteza generalizada, esta viagem tem como objetivo materializar o compromisso renovado da América com nossos aliados e parceiros”.

Nessas duas reuniões, apesar da relutância de alguns governos europeus – cientes da dependência da União Europeia em relação à China – ele impôs que a China (e a Rússia) voltassem a ser denunciadas. Como escreveu o editorialista do jornal “Les Echos” (15/6), “Joe Biden pressionou seus aliados a incluir em seu comunicado final uma crítica formal a Pequim (…). A cruzada de Joe Biden, no entanto, não é mais altruísta do que a de George Bush há vinte anos. Obviamente, não se trata mais de pôr as mãos no petróleo, mas de evitar que a China se torne uma potência econômica mundial. Os Estados Unidos estão defendendo seus interesses econômicos, nada mais. Infelizmente conhecemos todos os danos causados por essa abordagem maniqueísta do mundo”.

América de volta à escala mundial? Mas que América? E em qual mundo?

A situação não é mais aquela na qual o imperialismo estadunidense dominava hegemonicamente o mundo. Todos os governos e regimes estão em crise, especialmente os governos da União Europeia. A crise do sistema capitalista não para de crescer.

E, diante dos golpes que lhes são dados, os povos e os trabalhadores se revoltam. Os últimos desenvolvimentos estão aí para prová-lo: a mobilização unificada do povo palestino em todos os territórios históricos da Palestina; o levante revolucionário na Colômbia, com a criação de órgãos de luta e piquetes e comitês de greve.

Mobilização social
Essas questões surgem em escala global e principalmente nos Estados Unidos. Biden foi eleito porque grande parte da população queria destituir Trump.

As eleições foram realizadas logo a seguir às históricas manifestações de negros, jovens brancos, latinos e sindicalistas, após a morte de George Floyd. Mas elas não foram uma repetição dos protestos pelos direitos civis dos anos 1960. Essas mobilizações foram certamente contra o racismo sistêmico, mas também tiveram um conteúdo social, em uma situação marcada pelas demissões, pela precarização por conta da gestão governamental das medidas “sanitárias”, em nome da luta contra a pandemia.

É significativo que, desde a eleição de Biden, venha se desenvolvendo um movimento de sindicalização, principalmente entre os negros, e várias greves nas empresas por questões de contratos de trabalho. Apesar das aparências, e do apoio que recebe da liderança da central sindical AFL-CIO e de alguns dirigentes da esquerda do Partido Democrata, Biden não tem um governo forte, mas em crise.

Lucien Gauthier, do “Informations Ouvrières” (“Informações operárias”)

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